A FARRA DA COISA PÚBLICA
João Eichbaum
Para quem não sabe, a palavra “república” vem do latim: res publica, que significa, literalmente, coisa pública.
Deve ser por isso que os letrados, como o acadêmico José Sarney, e outros nordestinos, tão vivos quanto ele, resolveram meter a mão: se a “coisa” é “pública”, então é nossa.
Mas, tem um detalhe: a coisa não é tão pública assim. Só é pública para eles. E é por isso que foram editados seiscentos e cinquenta atos secretos no Senado, para que o tratamento que eles dão à coisa pública não seja tão público. Então tudo funciona como num prostíbulo, onde a entrada é franca e aberta para todos, mas o que se passa nos quartos, a troca de favores, é às escondidas.
Foi para isso que se criou essa suruba política, em que, senão todos, muitos senadores se beneficiaram. Um emprega o parente do outro às escondidas, com o dinheiro da coisa pública, em nome daquela máxima, o mandamento supremo da suruba: é dando que se recebe.
Mas o Sarney é o maior dos beneficiários, o mais inescrupuloso dos aproveitadores, o verdadeiro pai da farra. Não só emprega o maior número de parentes, como usa o dinheiro da coisa pública para pagar o funcionário de uma fundação que leva o nome dele, a Fundação (que deve ser pura picaretagem) José Sarney.
E olhem só como funciona a coisa. O cara, que se chama Raimundo Nonato Quintilhano Pereira Filho, tem um salário de R$ 3.200,00 reais, pagos pelo Senado (ou seja, pelos contribuintes) e está lotado desde 1995 no gabinete do senador Edson Lobão, agora herdado pelo Edson Lobão Filho. Tudo em casa, tudo em família, tudo entrosado, tudo maranhense... E é por isso que o Maranhão progride tanto: o nosso dinheiro vai todo pra lá.
Como se vê, a res publica no Brasil não é exatamente aquela idealizada pelos romanos. Ela evoluiu tanto, ao passar pelo Maranhão, que assumiu outras feições. Passou a ter a cara do José Sarney: impudica e deslavada.
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