João Eichbaum
O velhinho tem todo o jeito de quem já tá com o pé na cova. Anda encurvado, devagarinho, se apoia em tudo que aparece pela frente. Mas tem um mulherão de dar inveja. Uma coroa – diga-se de passagem. Mas uma coroa bem na foto, morena, de olhos verdes, que administra uma bem sucedida viuvez.
Explico. A morena é viúva e abocanha uma pensão razoável do falecido. Tem um padrão de vida que muito barbado gostaria de ter, casa própria, carro novo, conta no banco. Ah, sim, e quem dirige o carro, e anda como se fosse o dono, é o velhinho.
Pois é, o velhinho, por tabela, não pode se queixar da vida, tá com tudo também. Acreditem, ele nem aposentado é. Nunca soube o que é batente, não tem carteira, não tem currículo profissional, não tem patrimônio, nada de nada. Só não foi presidente do Sindicato dos Cafetões porque a classe não é unida ea turma de cafetões que manda neste país é a dos políticos, isto é, a dos que mamam nas tetas da República.
O único patrimônio do aludido velhinho é a expectativa de que dê certo uma ação que moveu contra o governo, pra ter na carteira um dinheirinho da Previdência Social também.
Pois o velhinho outro dia, devidamente acompanhado pela coroa boazuda, esteve no escritório dumas amigas minhas, que são advogadas, e contou a sua história. Estava em apuros com a Lei Maria da Penha. É... aquela lei besta, que só serve pra mulher que não gosta de apanhar.
Então o velhinho contou que a sua ex, por pura vingança, por não ter sido feliz para sempre, como ele lhe tinha prometido, foi na Delegacia da Mulher, dizendo que ele tinha tentado passar por cima dela com o carro. Acho que ela queria sem o carro – que por sinal era o carro da viúva.
Essa ex é também uma coroa, mas fora de forma, dessas com prazo de validade vencido e jeito de cozinheira de padre, que só servem pra quebrar galho. Mesmo assim o velhinho mostrou que é bom de espermatozóide e encestou o bagulho.
Depois de contar toda a história, com hífens, pausas e parênteses, o velhinho, bem falante por natureza, se calou. Era a hora sagrada de tratar dos honorários. Quem assumiu a palavra, nesse momento difícil e muito doloroso, foi a sua provedora, a viúva boazuda. Ela puxou o talão de cheque e não teve problema: “se eu pago a pensão pra filha dele, porque é que não posso pagar os honorários”? E acrescentou, muito legal: “ eu não quero que ele vá pra cadeia, né”?
Vá ter pinto de ouro assim lá na vovozinha! O velhinho não trabalha, mas tem tudo o que um machão na flor da idade gostaria de ter: casa, cama, comida, roupa lavada, e mulher gostosa e boa, que paga pensão pra filha dele.
Vocês viram no que dá, o mundo estar cheio de veados e de bonitões com ejaculação precoce? Até pros pé-na-cova sobra mulher pagante.
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