sexta-feira, 19 de junho de 2009

DIPLOMA DE JORNALISTA

João Eichbaum

Diploma de jornalista já era. O Supremo Tribunal Federal, aquele do Gilmar Mendes, decidiu que, para ser jornalista, ninguém precisa de diploma.
E tem razão a turma do Mendes, dessa vez.
Não sei quem foi que inventou isso, o diploma para jornalista. Os jornalistas é que não foram. Afinal, para que gastar tempo e dinheiro numa faculdade se a gente pode arrumar um emprego como jornalista, ou fundar um jornal, usando para isso as próprias qualidades, sem necessitar de “professores”?
Também não foram as empresas jornalísticas que inventaram o tal diploma. Aliás, elas é que recorreram da decisão de um juiz, segundo o qual era necessário o curso completo de jornalismo e o conseqüente diploma para o exercício da profissão de jornalista. É evidente que as empresas têm interesse nos talentos apenas, e não nos diplomas.
Então só pode ter sido coisa dos comerciantes de ensino, que inventam faculdade, diploma universitário pra tudo, porque, afinal, é disso que eles vivem, vendendo diplomas.
Aplaudo a decisão porque sempre defendi a tese de que quem sabe escrever, sabe. A facilidade de expressão escrita, é como a facilidade de expressão verbal. Nem todos sabem escrever, como nem todos sabem falar. Saber escrever e saber falar é uma questão de talento, talvez de exercício, mas nunca fruto de ensino, de didática.
A prova disso é que, depois que inventaram a exigência de diploma para jornalistas, o jornalismo decaiu. Os grandes jornalistas, aqueles que exerciam a profissão graças exclusivamente ao talento, desapareceram. E isso por uma razão muito simples: os jornais eram obrigados a admitir somente quem tivesse diploma.
O resultado é que a dificuldade de expressão e a incorreção do vernáculo tomaram conta dos jornais e dos demais veículos de divulgação, como rádio e televisão.
A elegância do estilo, a riqueza de vocabulário, o texto sedutor desapareceram dos jornais. No rádio, aqueles vozeirões de antigamente, cederam para o som agudo das vozes fanhosas de garnizé, sem contar com as impiedosas e freqüentes agressões ao vernáculo. E na televisão botaram aquelas belezuras que andam de lá para cá, sem saber o que fazer com as mãos, para anunciar a previsão do tempo. Tudo por causa do diploma.
Temos que agradecer à turma do Gilmar Mendes, esperando a volta do verdadeiro jornalismo, aquele que é feito por gente talentosa de berço, que não precisa cursar faculdade, para escrever e falar bem.

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