quarta-feira, 3 de março de 2010

NÓS, PRIMATAS

SIMPLESMENTE COMPLICADO

João Eichbaum

Gostei do título. Gostei tanto do título que o aproveitei para esta crônica. “Simplesmente Complicado” é o título de um baita filme, que está sendo exibido nesta semana. E bota complicação nisso: trata-se de um casal divorciado há 10 anos. O marido deixou a mulher e os três filhos, por causa de outra. A mulher abandonada, ao invés de sair em busca de outro relacionamento, procurou se dedicar aos filhos e à administração de seu negócio, que lhe rendeu dinheiro e sucesso. O marido infiel casou com aquela mulher que foi a causa da ruptura do casamento, por sinal uma bela mulher, uma morenaça de endoidar, e constituiu família com ela.
Dez anos depois, enquanto os filhos do primeiro casamento, já adultos, estavam se formando e se profissionalizando, o marido andava às voltas com um guri tinhoso, de cinco anos, começando tudo de novo e ainda fazendo tratamento para engravidar a bela morena, já quarentona, mas com tudo em cima.
Aí, por um acaso, se encontra com a ex-mulher, cinquentona e, bêbados ambos, acabam indo para a cama.
A partir desse acontecimento, que podia ter ficado por isso mesmo, ele percebeu que estava apaixonado pela ex-mulher, descobrindo nela qualidades que antes não vira, ou não valorizara. A ex-mulher passou a ser a “outra”, com a qual ele se encontrava furtivamente, se escondendo dos filhos e da mulher atual.
Mas, a vida é assim: hoje a pessoa está só, sem ninguém, e quando aparece alguém a coisa desanda, porque surge também outro amor, no paralelo.
Foi isso exatamente que aconteceu com a ex-mulher, que agora era a “amante” do ex- marido: tinha um terceiro dando em cima dela e ela começou a vacilar entre o ex-marido e o atual pretendente.
Bem, não vou contar todo o filme, quando mais não seja porque não o assisti até o fim, para não me decepcionar, talvez. Mas o que vi durante o filme já me bastou para mostrar pela enésima vez a instabilidade emocional do ser humano, sua eterna insatisfação amorosa, sua busca por algo que dure para sempre. Sem contar o trauma dos filhos, a cura do trauma e a recidiva desse trauma para estragar a vida deles, que já estava nos eixos. Tudo gerado pela irresponsável instabilidade afetiva do primata macho, tornado homem sem que pudesse abdicar da animalidade.
Vale a pena conferir, para rir muito. Aceito que me contem o final.

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