sexta-feira, 12 de março de 2010

NÓS, PRIMATAS

INFIDELIDADES

João Eichbaum

Numa crônica na qual exorciza aquilo que ela chama de “infidelidade” dos homens, ou seja, a terceirização das atividades de cama que competem à patroa, Marta Medeiros, depois de considerar que essa “infidelidade” está abrandando, perdendo o vigor, acaba prometendo o troco, assim se referindo às mulheres: “hoje, independentes financeiramente, com a sociedade as reverenciando e conhecedoras de truques para não envelhecer jamais, as mulheres já não têm por que ficar aturando desaforo. Se a linha de ônibus deles (dos machos) é freqüente, a nossa também, basta fazer um sinal”.
Não sei se é para achincalhar ou o quê, ela começa a crônica, invocando uma pesquisa, segundo a qual os homens “fiéis” são mais inteligentes. Será que as mulheres são fiéis por serem mais inteligentes?
É claro que, lendo a crônica, me lembrei daquela música, que não sei de quem é, nem quem é que canta: “mulher não trai, mulher se vinga”.
É mais ou menos isso que diz a Marta Medeiros, com outras palavras. As mulheres, tendo grana própria, lugar na sociedade, produtos de beleza, silicone e academia, podem ficar com tudo em cima e, se levarem corno, partirão para a desforra: bastará fazer um sinal.
Tudo isso é verdade. Os costumes evoluíram. Ou involuiram. Do casamento de véu e grinalda, “até que a morte vos separe”, o pessoal passou simplesmente e viver junto, a dividir a mesma cama com o namorado ou namorada, o noivo ou a noiva, sem muita frescura. A partir daí, parece que ninguém se sente obrigado à fidelidade. Só que Marta esqueceu de um detalhe: para trair, os homens precisam de outra mulher. Então, a chamada “infidelidade” masculina sempre teve a participação da mulher. Empatado o jogo.
Na verdade, os homens não mudaram. Continuam agindo como agiam antes, com a diferença de que agora é bem mais fácil pular a cerca, porque a vizinha também gosta do brinquedo.
Essa é que é a realidade, mormente porque os meios de comunicação, dentre os quais se ressalta a televisão, incentivam a instabilidade dos relacionamentos de todas as formas, quer com os BBB da vida, quer com as novelas e outros programas com apelo fortemente sexual.
A passividade anterior das mulheres, sua conformidade com as aventuras dos maridos era o que, na realidade, freava um pouco os costumes. Desde o momento em que elas partiram para o troco, porém, a coisa desandou, a ponto de não se encontrar mais virgens em idade núbil no mercado.

Um comentário:

rogerio disse...

Olá, sim a Martha esqueceu que são as mulheres que alimentam a infidelidade masculina e que no momento que elas começam a dar o "troco" só estão contribuindo mais ainda para que esta prática se perpetue.