segunda-feira, 8 de março de 2010

NÓS, PRIMATAS

UMA DOUTORA MUITO DESINIBIDA
João Eichbaum

Na semana passada uma notícia que prendeu a atenção dos gaúchos foi a do “sequestro de um casal de médicos”, anunciada na manchete da Zero Hora.
O “casal”, na verdade, não era um casal, do ponto de vista politicamente correto, casal casado de papel passado e lembrança da paróquia. Nem era um “casal de médicos”. Ela, sim, pediatra, mas ele, apenas estudante de medicina. Ela, uma loira, dessas de não se jogar fora, bem falante, com 34 anos. Ele, um cara quieto, tímido, de poucas palavras.
A desinibição dela foi tanta, que não escondeu detalhes picantes do seqüestro. São suas palavras textuais, falando, sem cara de nojo, sobre os seqüestradores, com a naturalidade de quem descreveria a devoção deles, rezando o rosário diante duma imagem da Virgem Maria: “passaram a noite bebendo uísque, assistindo a filmes pornôs, se masturbando”.
Confesso que fiquei chocado. Num momento desses, nenhuma pessoa, atormentada pelo horror, iria ressaltar as circunstâncias paralelas de um seqüestro. Mas a doutora Melissa – esse o nome dela – descreveu tudo, nada escondeu, não fez como a maioria das vítimas que “pedem para não ser identificadas”. Ao contrário dessas vítimas - muitos homens entre elas - que se borram de medo, a doutora Melissa soltou o verbo, deixou rolar muita fotografia, mostrou sua beleza, da qual emana uma discreta e, por isso mesmo, inquietante sensualidade. Tudo ao lado do seu “namorado”, um estudante quatro anos mais moço do que ela e que, ao que tudo indica, não tinha um puto vintém nos bancos. Ela é que tinha o dinheiro que os seqüestradores procuravam e que fez a polícia sair correndo, para atender a ocorrência.
Querem que eu seja bem franco? Ele não passa de um zero à esquerda.
Ah, e tem mais: ela despediu uma babá de seu filho porque a surpreendeu na cama com o namorado - casualmente um dos seqüestradores. Do pai do menino, que tem quatro anos, seu currículo não diz patavina.
Um personalidade instigante essa, a doutora Melissa, mais desinibida que muitos machos sem colhão que andam por aí, se escondendo, por medo de revelar a identidade, depois de terem sido assaltados.
Ah, antes que me esqueça: ela é do Alegrete, onde o gaúcho usa bota, espora, bombacha, bigode e costeletas, ao invés dessa frescura chamada tatuagem.
Calha bem na foto a doutora Melissa, no Dia Internacional da Mulher.

Nenhum comentário: