POR BAIXO OU POR CIMA?
João Eichbaum
Me tornaram cristão sem darem a mínima para o que eu poderia pensar a respeito: desde bebê fui amestrado na arte de acreditar no deus judaico-cristão e na Igreja Católica. Quando me dei por conta, estava inteiramente embriagado por dogmas, ritos e todo o caudal de preconceitos contra as demais religiões. Toda a minha inocência, no sentido mais amplo da palavra, tinha sido absorvida e aproveitada pela força da doutrina que, antes de qualquer coisa, me metia medo do inferno.
Acreditando, irrestritamente, em tudo o que viesse da religião católica, incenso, água benta, círio pascal, santinho, eu tinha os padres como os verdadeiros “representantes de Deus na terra”, e assim os venerava. Para mim eles eram criaturas de outro mundo, escolhidos pelo deus judaico-cristão, por serem superiores às nossas forças. E era por isso que tínhamos de lhes confessar os nossos pecados.
Um dia fui tomado pelo rubor da indignação e quase parti pra briga contra um amiguinho, gente da minha idade, quando ele me disse que sua irmã não ia mais à igreja, porque, durante a confissão, o padre lhe havia indagado se ela gostava mais de pecar de pé ou deitada.
Por muito tempo me recusei a acreditar na versão do meu amigo. A minha fé era inexpugnável e os padres era criaturas santas.
Até que a história, a vida e a biologia me ensinaram que não é bem assim, porque para o animal não há vida sem sexo, nem sexo sem vida: a função sexual é como qualquer outra função fisiológica, faz parte da natureza animal.
Hoje dou inteiro crédito ao meu amigo. Pela telinha do confessionário, o padre deve ter levado o maior calor, vendo aquela talhe de Vênus ainda virgem, os seios empinadinhos, a carinha de anjo e a bundinha de artista. E sentiu todo o apelo da natureza debaixo da batina.
Na verdade só agora está indo pro beleléu a versão mentirosa dos votos de castidade. Digo só agora porque as pessoas, de um modo geral, se interessam apenas por notícias de jornal e televisão. Quem conhece história sabe dos costumes dissolutos de papas e outros religiosos, sobre os quais Janer Cristaldo nos passou um alentado “trailer” na crônica de ontem. Agora, com a imprensa em cima, o povo todo toma conhecimento das aventuras sexuais de padres, monsenhores e bispos. Começou nos Estados Unidos e se espalhou pelo mundo o desmascaramento dos padres comedores e comidos.
E é claro que o Brasil não podia ficar fora dessa. A última notícia vem das Alagoas do Collor e do Calheiros, onde o monsenhor Barbosa, um ancião de 82 anos, foi filmado em transa com um rapaz de 19, seu antigo coroinha. Justamente a sodomia, abominação oficial do décimo sexto Bento e um dos motivos bíblicos de destruição de cidades!
82 anos, senhores! O Viagra, como Jesus Cristo, faz milagres: levanta morto!
Ops, peraí, agora me assalta um dúvida dos infernos, a mim e a todos quantos não tiveram oportunidade de ver o pornô sacerdotal: o “representante de Deus” estava por baixo ou por cima?
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Um comentário:
Se o mestre me permite, vos direi: por mais que estivesse por cima, estará inapelavelmente sempre por baixo.
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