quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

CRÔNICAS IMPUDICAS

O POVÃO



João Eichbaum

Povão é essa massa informe, sudorífera, insossa e insípida, mas colorida, que não tem rosto, nem identidade, mas, em qualquer parte do mundo, é facilmente identificável. É a coisa mais difundida e mais criativa que existe sobre a face da terra.
Difundida, eu disse, e repito, porque em qualquer parte do mundo a gente encontra o povão. Criativa, porque tudo o que nos governa, de fato, ou imaginariamente, é coisa criada pelo povão.
A primeira coisa que o povão criou foram os deuses. Diante da própria fraqueza, diante de sua irrecusável finitude, dentro da qual se concentram infinitos desejos, o povão não encontra nada que lhe possa expandir essa finitude. E começou a criar deuses. Mas, não contente em criar deuses, criou também aquilo que a gente hoje chama de “lideres”. Porque os deuses criados não falavam, não apareciam para ninguém, não davam o mínimo sinal de sua existência.
Os “lideres”, então, aqueles que se auto-intitulavam representantes dos deuses ou canais de comunicação com as entidades divinas, foram, aos poucos, aperfeiçoando, as figuras dos deuses, adaptando-os aos desejos do povão, que sendo povo, por ser informe, não conseguia dar forma a coisa nenhuma, nem aos deuses por ele próprio criados.
Aí, então surgiam os líderes, um dos quais, até hoje é festejado como tal: Moisés.
Invocando sua condição de comunicador oficial do deus judaico, Moisés delineou a imagem daquele deus que seria, mais tarde, adotado pelos cristãos e por quase toda a humanidade, chamado simplesmente de Deus. Deus é o nome dele. Nome próprio, por isso se escreve com letra maiúscula.
Mas, o que eu queria dizer mesmo é que o povão, essa figura que enche estádios de futebol, engarrafa o trânsito, entope saguões de aeroportos, se esparrama pelas praias, enche os supermercados em tempos de Natal, de dia de mãe e de namorados, assiste o BBB e as novelas da Globo, faz fila pra tudo, nos bancos, no INSS, no SUS, em qualquer concurso que dê prêmios, como sena e outros tipos de estelionatos, é quem cria os líderes, essa canalhada que nos governa e é capaz de eleger para presidente da república uma cara que não passaria nem em concurso de auxiliar de serviços gerais. Ou seja, o povão é que cria e sustenta os canalhas e depois ainda se queixa deles, ou lhes dá oitenta e sete por cento de aprovação.
Mas tudo isso é a propósito duma coisa. Vocês se lembram de um tal de Sérgio Morais, que foi eleito pelo povão de Santa Cruz do Sul e disse que estava se lixando para o povo?
Pois esse cara foi reeleito pelo povão, o povão de Santa Cruz do Sul. Esse povão amorfo e sem cara que, além de eleger para prefeita a mulher do Sérgio Morais, uma tal de Kelly (nome de guerra, que as freiras e as prostitutas, para não serem identificadas, usam) ainda elegeu o filho dele, para deputado estadual. Um tal de Marcelo.
Esse é o povão.
Ou vocês pensavam que, pelo título da crônica, eu queria elogiar o povão?
que não tem rosto, nem identidade, mas, em qualquer parte do mundo, é facilmente identificável. É a coisa mais difundida e mais criativa que existe sobre a face da terra.
Difundida, eu disse, e repito, porque em qualquer parte do mundo a gente encontra o povão. Criativa, porque tudo o que nos governa, de fato, ou imaginariamente, é coisa criada pelo povão.
A primeira coisa que o povão criou foram os deuses. Diante da própria fraqueza, diante de sua irrecusável finitude, dentro da qual se concentram infinitos desejos, o povão não encontra nada que lhe possa expandir essa finitude. E começou a criar deuses. Mas, não contente em criar deuses, criou também aquilo que a gente hoje chama de “lideres”. Porque os deuses criados não falavam, não apareciam para ninguém, não davam o mínimo sinal de sua existência.
Os “lideres”, então, aqueles que se auto-intitulavam representantes dos deuses ou canais de comunicação com as entidades divinas, foram, aos poucos, aperfeiçoando, as figuras dos deuses, adaptando-os aos desejos do povão, que sendo povo, por ser informe, não conseguia dar forma a coisa nenhuma, nem aos deuses por ele próprio criados.
Aí, então surgiam os líderes, um dos quais, até hoje é festejado como tal: Moisés.
Invocando sua condição de comunicador oficial do deus judaico, Moisés delineou a imagem daquele deus que seria, mais tarde, adotado pelos cristãos e por quase toda a humanidade, chamado simplesmente de Deus. Deus é o nome dele. Nome próprio, por isso se escreve com letra maiúscula.
Mas, o que eu queria dizer mesmo é que o povão, essa figura que enche estádios de futebol, engarrafa o trânsito, entope saguões de aeroportos, se esparrama pelas praias, enche os supermercados em tempos de Natal, de dia de mãe e de namorados, assiste o BBB e as novelas da Globo, faz fila pra tudo, nos bancos, no INSS, no SUS, em qualquer concurso que dê prêmios, como sena e outros tipos de estelionatos, é quem cria os líderes, essa canalhada que nos governa e é capaz de eleger para presidente da república uma cara que não passaria nem em concurso de auxiliar de serviços gerais. Ou seja, o povão é que cria e sustenta os canalhas e depois ainda se queixa deles, ou lhes dá oitenta e sete por cento de aprovação.
Mas tudo isso é a propósito duma coisa. Vocês se lembram de um tal de Sérgio Morais, que foi eleito pelo povão de Santa Cruz do Sul e disse que estava se lixando para o povo?
Pois esse cara foi reeleito pelo povão, o povão de Santa Cruz do Sul. Esse povão amorfo e sem cara que, além de eleger para prefeita a mulher do Sérgio Morais, uma tal de Kelly (nome de guerra, que as freiras e as prostitutas, para não serem identificadas, usam) ainda elegeu o filho dele, para deputado estadual. Um tal de Marcelo.
Esse é o povão.
Ou vocês pensavam que, pelo título da crônica, eu queria elogiar o povão?

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