AQUI SE FAZ AQUI SE PAGA
PAULO WAINBERG
http://paulowainberg.wordpress.com
Twitter:@/paulowainberg
Devido a milhares de pedidos que três leitores tiveram a gentileza de me passar, volto ao sistema antigo de enviar a crônica diretamente a você, sem prejuízo do blog, onde elas estarão postadas, juntamente com os demais textos que lá estão e permanecerão.
Porém sou mentalmente cruel e não vou poupar ninguém. Se você pensou que, agora, estaria livre de ir ao meu blog, prepare-se.
A partir da semana que vem, entra no ar o PSICOPSION, um folhetim que terá um capítulo diário.
Seguindo a antiga fórmula dos folhetins, cada capítulo vai terminar de um jeito que você ficará louco para saber o que acontecerá em seguida e, portanto, obrigatoriamente você lerá hoje e mal conseguirá dormir, esperando por amanhã.
Isto é demais, estou me divertindo com a tua tortura, nunca pensei que eu fosse assim, tão maquiavelicamente sádico.
É muito bom. Melhor do que isso só um sorvete com duas bolas, uma de passas ao rum e outra de chocolate. Ah, e uma torneira por perto porque odeio ficar melecado nos dedos.
Com sorvete.
Hoje é sexta feira, dia próprio para falar de um assunto que muito tem me incomodado: a água da piscina lá de casa.
Na minha casa tem uma piscina. Já estava lá quando comprei a casa, há séculos. Desde então tem acontecido um evento, repetido, reincidente, permanente e anual.
Eu, é claro, jamais pensei em cuidar pessoalmente da piscina, examinar o cloro, Ph (é isso?), densidade, peneira, limpeza, nem mesmo o motor eu ligo.
Por que? Já expliquei, minha filha, não sou homem de execução, sou homem de organização. Não me peçam para fazer, me peçam para pensar e dizer como é que se faz.
Querer que eu faça é algo parecido como pedir ao cabeça de área que arme o time, ele não vai conseguir. Ou que o armador seja cabeça de área, é a mesma coisa.
Desta forma, tem uma pessoa contratada que vai lá em casa duas vezes por semana para cuidar das entranhas tecnológicas da piscina, permitindo que a água esteja sempre límpida, bonita e banhável.
Orgulhosamente afirmo que, durante os meses de outono, inverno e primavera, quando é impossível tomar banho de piscina, salvo se você gosta de se congelar, o sistema funciona perfeitamente, dá gosto ficar olhando a água cristalina, brilhando sob os raios de sol ou encrespadas por pingos da chuva.
Chega o verão e, aí, começa o drama.
Por alguma razão, mal esquenta, sabe aquele dia apetitoso para entrar na piscina?, a água esverdeia. Esverdeia de um modo absoluto, um verde escuro, mais escuro do que garrafa, a sensação é de que, a qualquer momento sairá daquela água um ser gosmento e monstruoso que lá ficou, hibernando.
O mais dramático é que o encarregado de cuidar da minha piscina é o mesmo há sei lá quantos anos e, todas as vezes, ele me dá uma explicação técnica, detalhada e profunda:
– Tem que por cloro e ligar o motor, doutor.
– Mas tu não pões o cloro e liga o motor?
– Claro que sim.
– Então...?
E ele me dá um sorriso, diz qualquer coisa e me promete que, para o fim-de-semana a água vai estar perfeita.
Sucede que, descobri há pouco no Google, a contagem do tempo dos limpadores de piscina é diferente, eles usam um calendário próprio e um relógio personalíssimo, daí que o fim de semana que ele fala não corresponde ao fim de semana normal.
Em suma, como diria o Papa, hoje de manhã havia um cardume nadando na minha piscina, juro. Alguns peixes mal conseguiam afundar, de tão densa e verde está a água.
Imagino que, anualmente, meu tratador de piscina faz experiências químicas nela, acho que ele sonha em transformar a água numa grande gelatina, sei lá o que ele pensa, o que ele faz, o que ele deseja.
Meu único consolo, na atual situação, é saber que mal termine o verão, a água estará novamente clara, límpida, cristalina, ótima para um banho gelado ao sopro do Minuano!
Por que estas coisas acontecem comigo? Por que?
Por causa disto sou assim cruel. E como não posso esfaquear, dar seis tiros na cabeça, esquartejar e incinerar meu querido tratador de piscinas, me vingo como posso, obrigando você a ler meu blog todos os dias, para saber a continuação da história.
Talvez este seja o fim de semana adequado à cronologia do tratador de piscina. Se for, minha água estará limpa e tratada e, no momento de maior calor do domingo de tarde, estarei dentro dela, tomando um drinque – cerveja gelada é claro, e comendo uma carne.
Mas para você será tarde demais. Estás agora, meu filho, sob a maldição do meu folhetim.
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