terça-feira, 24 de maio de 2011

A IRMÃ DULCE E O STF

João Eichbaum

A irmã Dulce foi beatificada. A irmã Dulce, uma criatura magra, baixinha, encarquilhada, de olhar infeliz, o rosto cadavérico e aspecto doentio. Foi beatificada porque abdicou de si mesma, viveu para os outros, para os pobres, para os famintos, para os doentes, para todos os miseráveis com os quais nem Deus se preocupa, deixando-os penar, por penar, mesmo que o não mereçam. A irmã fez de sua vida um instrumento, senão de felicidade, pelo menos de esforço para atenuar a infelicidade dos desafortunados. Nada mais almejou senão a felicidade dos que sofriam. Claro, de quebra, certamente, almejava a felicidade eterna de sua alma, tal como a prometem o papa, os bispos, os cardeais, os padres e todos aqueles que, mesmo sem apresentarem procuração, se dizem representantes de Deus.
Outra coisa não fazia a irmã Dulce, a beata irmã Dulce, senão se preocupar com os direitos fundamentais das criaturas humanas, que se resumem no direito à vida sem dor e sem sofrimento.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal, dotados de boa pança, de um modo geral, com direito a diárias, lanches, automóveis com motoristas e mesuras, todos tratados com a subserviência que lhes devotam humildes mas bem remunerados funcionários, pagos por nós, contribuintes, se debruçaram, outro dia, sobre os direitos fundamentais.
Só que tem um detalhe. Para os ministros do Supremo, todos apadrinhados, que chegaram àquele tribunal por graça de senhores influentes e a preço do esconjuro da própria personalidade, os direitos fundamentais são outros. Não são os direitos à vida e à sua inviolabilidade, que começam pela alimentação e pela saúde. Não. Os direitos fundamentais, para os ministros, são o direito de dar a bunda e de sugar clitóris, sem crítica, sem contestação, sem "homofobia", por ser a coisa mais natural do mundo. Direitos fundamentais, para os ministros do Supremo Tribunal Federal, são os direitos à promiscuidade, à deseducação de crianças que, ao invés de uma família, constituída por um pai e uma mãe, têm dois viados ou duas lésbicas a criá-las.
São assim esses animais, chamados seres humanos. Enquanto alguns poucos, muito poucos, como a Irmã Dulce, procuram dignificar a espécie, outros, a maioria, a degrada, fazendo de tudo para realçar a animalidade como seu direito fundamental. Mas muitos deles, a começar pelo presidente do STF, o carola César Peluso, ex-seminarista, certamente vivem recitando orações como essa, agradecendo a vida nababesca que levam, com a qual a irmã Dulce jamais sonhou:
O Senhor é o meu pastor e nada me faltará. Deita-me emverdes pastos e guia-me mansamente em águas tranqüilas.Refrigera a minha alma, guia-me pelas veredas da justiça,por amor do seu nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombrada morte, não temerei mal algum, porque Tu estás comigo,a Tua vara e o Teu cajado me consolam. Prepara-me umamesa perante os meus inimigos, unge a minha cabeça comóleo, o meu cálice (de vinho e champanhe francesa) transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vidae habitarei na casa do SENHOR por longos dias.
E só me resta dizer amém.

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