Duma coisa tenho certeza: o comunista Raul Carrion, deputado estadual do Rio Grande do Sul, autor de uma lei que proíbe o uso de palavras estrangeiras em publicidade e documentos oficiais,
não sabe o que é morfologia.
Morfologia provém do grego: morphé (forma) lógos (palavra) e indica, em sentido próprio, a “formação das palavras”. Sentido esse que engloba, entre outros meios de formação de palavras, a transição de uma língua para outra.
É público e notório que a linguagem de um país se forma, em primeiro lugar, com o uso. É o povo, falando, que faz a língua do seu país (e não as leis). E a linguagem do povo evolui, não é estática. De geração em geração novos vocábulos são incorporados ao idioma, em razão do uso, que é dinâmico.
Quem cria a gíria, senão o povo? E a gíria muda, em menos de uma geração, tal é a dinâmica do uso.
Há alguns anos atrás, “gata” não era senão o feminino de “gato”, aqueles bichinhos domésticos. Hoje “gata’ é sinônimo de mulher bonita e “gato”, de homem bonito.
Isso é apenas um dos milhares de exemplos que se poderia aqui trazer, para mostrar que quem faz o idioma é o povo.
A “importação” de termos ou palavras estrangeiras, quer se queira ou não, é um dos meios de formação do idioma. A morfologia não a arreda, dentro dessa perspectiva. Ela permite o neologismo.
Hoje, com a globalização e a expansão da tecnologia, com maior razão o uso de palavras estrangeiras se insere no dia a dia da linguagem, quer popular, quer técnica.
Não seria necessário repetir aqui o que tantos críticos da lei de autoria desse desconhecido senhor Carrion têm lembrado: na linguagem da informática, pouquíssimas são as palavras geradas no próprio idioma português.
Além de não ter noções mínimas de linguìstica, nem de ridículo, Raul Carrion passa um atestado público de ignorância acerca da natureza da lei. Ele não sabe que usos e costumes têm tanta força quanto a lei.
A democracia, que outra coisa não representa senão a força do povo, não faz bem para os comunistas. Aldo Rabelo, deputado federal, comunista também, acalenta idéias semelhantes às de Raul Carrion. Comunismo para eles, assim como para Fidel Castro, é sinônimo de antiamericanismo. Tudo o que vem dos Estados Unidos é impróprio. A começar pela linguagem. É por isso que eles querem, através de leis, barrar a globalização, que passa pelos Estados Unidos.
Mas, o povo não ta nem aí e, antes de ir para a loja, não procura saber se existe no vocabulário brasileiro uma palavra que indique o seu sonho de consumo: o “Ipad”.
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