João Eichbaum
Sempre achei a filosofia uma coisa muito chata. Os filósofos costumam expressar suas idéias através de uma linguagem obscura, eu diria inacessível até. Chego até a pensar que eles não sabem se expressar mesmo, não sabem utilizar adequadamente o instrumento da palavra e se deixam embaralhar pelo pensamento.
Querem saber de uma coisa? Filósofo, para mim, é um cara que se ilustra, para a finalidade única de vender idéias. Mas, o mercado, hoje, não está para idéias, porque o povo corre atrás de comida barata, automóvel popular, e boa vida, e não atrás de elucubrações.
Apesar de não gostar de filosofia, me dei ao trabalho, penoso, diga-se de passagem, de ler a entrevista de um senhor chamado Luiz Felipe Pondé, nas páginas amarelas da Veja da semana passada.
O senhor Pondé é professor da FAAP e da PUC de São Paulo. Quer dizer, ou não prestou concurso para lecionar em faculdades públicas, ou, se o fez, não foi aprovado. Mas escreveu um livro intitulado O Catolicismo Hoje, e isso, independentemente de seu currículo, me chamou a atenção.
Indagado se acredita em Deus, ele se identifica como ex-ateu, e diz que acredita em Deus porque acha “essa uma das hipóteses mais elegantes em relação, por exemplo, à origem do universo”.
Repito, para que não haja dúvidas: o cara se diz, e é considerado, filósofo.
Puxa, como é que um filósofo tem uma explicação tão chinfrin para sua crença num suposto Deus? Por que a versão da existência da divindade é uma das hipóteses “mais elegantes”?
Pergunto para vocês: onde é que fica a filosofia do senhor Pondé? Desde quando elegância combina com filosofia? Desde quando elegância é argumento filosófico? Desde quando é possível construir um silogismo, cuja conclusão seja a elegância?
Mas, tem mais: a origem do universo, do ponto de vista científico, passa longe da filosofia. O universo é uma coisa concreta, material, uma combinação de elementos químicos, sobre os quais a filosofia não tem argumentos para se pronunciar. A origem do universo é um tema que pertence às ciências exatas e não às elucubrações dos filósofos.
Para os filósofos, que não costumam botar os pés no chão e estão mais próximos dos poetas do que dos físicos e dos matemáticos, talvez a versão mais “elegante” seja mesmo a “criação bíblica”: faça-se, isso, faça-se aquilo e blablabá, com direito a descanso no sétimo dia.
Com um direito inteiro de descanso, o filósofo tem tempo para pensar, enquanto coça o saco e tira tatu do nariz. Por isso, adora a versão bíblica.
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