quarta-feira, 13 de julho de 2011

A RELIGIOSIDADE

João Eichbaum

Quando teve os primeiros lampejos de raciocínio, o “homo erectus”, (leia-se o macaco bípede) inventou a divindade, para explicar os fenômenos que lhe metiam medo, e para os quais sua incipiente razão não encontrava explicações: as tempestades, o raio, o trovão, a fúria das águas, etc.
A divindade, portanto, nasceu do medo, foi criada pelo pavor do primata humano. Uma vez criada, passou de geração em geração, sempre imposta pela força do medo.
Mais tarde, com a evolução das funções cerebrais, que permitiam ao macaco bípede um raciocínio mais amplo, essa divindade furiosa foi lapidada.
Para aplacar o medo da morte, atribuiu-se, então, à divindade uma complacência para com os mortais: além dessa vida de dureza aqui, com dores, sofrimentos, invernos implacáveis, ataques dos inimigos, fúria de animais selvagens, etc, haveria outra vida: a morte seria uma ponte para essa segunda vida.
Assim foi organizada a religião, por algum primata mais esperto, que lhe deu forma, voz e estrutura, com profetas, sacerdotes, ritos, etc.
A ira da divindade, porém, representada pelos fenômenos furiosos da natureza, nunca pôde ser posta de lado. Então, para aplacá-la, os organizadores da religião inventaram os “sacrifícios”. Só a morte dos animais conseguia satisfazer a divindade. Eram pombas, eram cordeiros, bichinhos mansos, os que mais a compraziam.
Os judeus chegaram a ensaiar o sacrifício do homem. Mas não tiveram coragem de levá-lo adiante: depois de ter exigido o sacrifício do filho de Abraão, Javé voltou atrás.
Mas, os cristãos se serviram da idéia e pegaram um Cristo, a quem denominaram “Cordeiro de Deus”, para satisfazer a sede de sangue da divindade inventada pelos judeus.
A sanguinolenta idéia vingou e é celebrada há mais de dois mil anos.
E ninguém – salvo os descrentes – questiona essa sede de sangue atribuída à divindade.
Conclusão: se a morte do Cristo na cruz, se a imolação do chamado “Filho de Deus” ornada com todos os requintes de crueldade faz parte dos “serviços de Deus”, se a divindade se compraz com o sangue e se a violência faz parte do rito religioso, como poderão os homens combatê-la?

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