João Eichbaum
Da palavra grega “pólis”, derivam “polités” e “politeía”. “Polis” significa “cidade”, mas num sentido bem amplo, já que naquele tempo cada cidade era o próprio Estado, representando uma coletividade, uma comunidade.
“Polités” era o “cidadão”. “Politeía”, o nome dado aos procedimentos que diziam respeito diretamente à “polis” e, indiretamente, aos “cidadãos”.
É desses vocábulos gregos que deriva a palavra “política”, cujo sentido etimológico se restringe aos procedimentos relativos à administração do Estado, entendido esse em sentido amplo.
Em outras palavras, “política” é o conjunto de normas que se destinam à administração da “coisa pública” - do latim “res publica”.
Da Grécia antiga até aqui, o sentido da palavra continua o mesmo, nada mudou em seu curso etimológico. Mas o que mudou – e como mudou! – foi o modo de se exercer a política. De “ciência”, a política se transformou em “indecência”.
A própria Grécia, berço da ciência da administração pública, hoje já não serve como exemplo. O mau desempenho no exercício da política levou o país ao caos financeiro, de repercussão extremamente negativa na vida dos cidadãos (“politói”).
O Brasil só serviu como exemplo de exercício da política no tempo em que era habitado exclusivamente pelos nativos, que nunca tinham ouvido falar na Grécia, mas viviam organizadamente sob a liderança dos caciques e pajés. Em guerra contra os inimigos, é verdade, como também acontecia no tempo da Grécia antiga, mas respeitando a organização e a hierarquia da comunidade, em convivência pacífica.
A corrupção foi introduzida nessa comunidade ordeira pelos primeiros invasores, os portugueses, que, em troca das bugigangas com que presenteavam os índios, foram surripiando nossas riquezas.
Foi assim que começou a “administração” da coisa pública aqui no Brasil. E com a chegada de Dom João VI, em 1808, se oficializou o mau exercício da política, entre muitas outras barbaridades, com o desalojamento arbitrário de habitantes locais, para abrigar os membros da corte portuguesa. Esse descalabro, no interesse exclusivo dos governantes, foi o marco inicial da “política” deste país, a regra básica que orientou sempre, e continua orientando os “políticos”.
De “política”, desde aqui pisaram os primeiros “civilizados”, nunca tivemos coisa alguma. Mas “politicagem”, que é um vocábulo composto por “política” e “ladroagem”, nunca faltou.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
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