João Eichbaum
Julgar é uma tarefa que só deveria ser confiada aos deuses. Os homens, ou melhor, os primatas, os parentes dos chimpanzés e dos bonobos, com uma carga genética bem mais próxima desses primos do que de qualquer ente divino, estão muito longe de reunir as qualidades e as virtudes que se exigiriam de um juiz.
Por reconhecer, ainda que indiretamente, mas não confessadamente, suas fraquezas, suas imperfeições, marcadas pela animalidade, os primatas que vestem a toga adquirem certos hábitos, nos quais buscam uma diferença, um “quid” que os possa distinguir dos demais primatas.
A linguagem é um dos instrumentos para os quais apelam, a fim de fazer essa diferença. Como os bacharéis e doutores de hoje, vitimas que são da péssima formação humanística a que foram submetidos, não têm pleno domínio do vernáculo, têm imensa dificuldade de construir uma frase correta, com sujeito, predicado e objeto definidos, do ponto de vista gramatical, eles inventam vocábulos e emprestam significados pessoais, subjetivos a muitas palavras.
Resultado: se perdem no emaranhado do seu vocabulário infiel à etimologia e ignoram regras elementares de gramática.
O “voto do Fux”, analisado nesta coluna, é a prova disso.
Alçado pela imprensa, por seus pares e pelo mundo dos bacharéis e doutores em geral, à condição de “intelectual do direito”, o senhor Luiz Fux quis fzer jus a tal promoção, mostrando que é “diferente”. E desandou a escrever coisas que, analisadas do ponto de vista gramatical, não passam de um amontoado de vocábulos sem sentido, sem expressão, verdadeiros ingredientes da ambigüidade.
Confesso que foi uma tortura ler o “voto do Fux”. Por isso, entreguei os pontos. E mais: meus leitores precisam de coisas melhores para preencher seu precioso tempo.
Deixemos o Fux e suas confusões de lado, por ora.
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