quarta-feira, 24 de agosto de 2011

ESSE CIRCO CHAMADO JUSTIÇA



João Eichbaum

Que espécie de animal você conhece, na qual prepondera a beligerância, a hipocrisia, o abuso, os costumes libertinos, a busca desenfreada pelo poder e a força para impor a subserviência?
Adivinhou: a dos macacos, de todos os macacos. Sendo que esses pontos afiados do macaco homem estão mais em evidência, porque temos jornais, rádio, televisão e todos os dias lemos, vemos e ouvimos a mesma lengalenga, como se fossem notícias de coisas insólitas: roubo, corrupção, brigas, violência de todo o tipo.
Pois é. Em razão dessa beligerância inata na espécie é que o homem macaco inventou regras de convivência. E para garantir as regras de convivência, inventou essa coisa chama justiça.
Só que a justiça também está a cargo dos próprios macacos, que não são diferentes dos outros.
Ou vocês conhecem alguma diferença entre o juiz, o réu, a testemunha, o advogado e o promotor?
Claro que não. Cada um deles quer o seu. O juiz quer poder e boa vida. O mesmo se diga do promotor. O advogado quer ficar rico. A testemunha geralmente tem interesse em alguma coisa, por exemplo, vingança. Se não o tem, vai à Justiça porque é obrigada, tem que se submeter ao poder.
Então, se a justiça está a cargo dos macacos, que são iguais aos demais macacos, tudo não passa de uma farsa, que só serve para beneficiar os que têm mais poder. Um circo, sem dúvida.
O juiz Rinez Trindade que, a bordo de uma bela Mercedes e na companhia de uma “amiga” foi assaltado, dia desses, é um exemplo disso tudo. A serviço dele, por ser juiz, correram uns brigadianos truculentos e pegaram o primeiro que apareceu, para tê-lo como assaltante. Era um médico. O médico saía da casa de sua mãe, para visitar um amigo. Como não trazia documentos consigo, foi preso e levado à presença do juiz assaltado. O juiz, sem piscar os olhos: “foi ele”.
Pronto, o médico foi algemado, esbofeteado, humilhado.
Depois, as coisas começaram a se esclarecer, com a identificação funcional e profissional do médico. Aí o juiz-testemunha já claudicou, quando perguntado se tinha certeza de que o médico era o assaltante: “certeza absoluta só Deus pode ter”.
Bem, se “só Deus pode ter certeza absoluta”, a justiça não passa de uma farsa, porque nunca terá certeza absoluta de nada. As pessoas são condenadas sem essa certeza, são aquinhoadas com belas indenizações sem essa certeza, têm seus direitos negados sem essa certeza.
Se o juiz, no papel de testemunha, acusou um inocente, o que sobra para o resto da macacada? Quem é que poderá acreditar na justiça?
Parece até que foi publicada de propósito, na ZH de hoje, uma frase atribuída a Montesquieu: UMA INJUSTIÇA QUE SE FAZ A UM É UMA AMEAÇA QUE SE FAZ A TODOS.
E acredite na justiça quem quiser.

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