João Eichbaum
Está na pauta do Supremo,
hoje, o julgamento sobre a questão das chamadas “cotas sociais”.
Para quem não
está por dentro, a questão é essa: os negros valem mais do que os brancos ou são iguais aos brancos?
É exatamente
isso que o Supremo terá que decidir. Não costumo usar eufemismo, nem tenho medo
de ferir a quem quer que seja. Essa história de “cotas sociais” é conversa mole
para boi dormir. A gente tem que ser objetivo, direto, sem frescura. Eufemismo
é coisa para literatura. Para a realidade é preciso usar o vernáculo
diretamente, com as palavras que fazem sentido, com as palavras que atacam o
tema, sem contorná-lo.
Pois, como
dizia, o Supremo vai decidir essa questão hoje. Para isso, os ministros vão
estar preparados. Mas, preparados assim, ó: vão contratar cabelereiro, pintar
as sobrancelhas, se estudar na frente do espelho, o Fux certamente vai botar
batom incolor e fazer as unhas. Vão se preparar para as câmaras. Só isso.
De resto, não
tenho dúvidas: eles serão, a maioria, em favor das “cotas sociais”, sob o
argumento sensacional e comovedor de que nós somos culpados pela falta de
cultura de alguns negros que não conseguem superar as dificuldades do
vestibular. Fomos nós que os trouxemos da África, e os pusemos a trabalhar na
terra, dando duro de enxada o dia inteiro e apanhando caso não quisessem
trabalhar, castigando-os sem misericórdia. Em vista de tudo isso que fizemos
para os tataravós deles, agora temos que recompensar os tataranetos,
oferecendo-lhes a mordomia básica de não precisar estudar para ingressar na
universidade.
Os brancos,
esses sim é que não terão moleza agora: pagarão pelos pecados dos portugueses
que traficavam negros, empilhavam-nos nos porões do navio negreiro e depois
comungavam, iam à missa, pois viviam num Estado oficialmente católico.
Os brancos,
portanto, serão obrigados a ralar muito, estudando, pagando cursinhos, comendo
o pão que o diabo amassou, para poder ingressar na universidade.
A Constituição
Federal, que proíbe distinção de qualquer natureza entre os cidadãos é clara, e
determina: TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI.
Mas, e daí, o
que é que os ministros do STF têm a ver com isso? Eles vão é jogar para a platéia,
fazendo o que o PT quer: demagogia, que eles têm como sinônimo de “cidadania”.
Um comentário:
Sempre achei um tema difícil esse, mas Eichbaum tira de letra. Acertou em cheio na previsão do voto da maioria, mas nem ele nem eu poderíamos prever que a demagogia não seria da maioria, mas da unanimidade dos julgadores. O que dizia mesmo Nelson Rodrigues sobre a unanimidade? Ainda mais num assunto que teria tudo para ser no mínimo polêmico.
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