FALTA DE
EDUCAÇÃO E DE OUTRAS COISAS
João
Eichbaum
joaoeichbaum@gmail.com
O
“honorífico doutor” Lula da Silva tem razão.
Não foi obra dos pobres o brado retumbante que a senhora Dilma Rousseff
ouviu. Nem foi deles a alusão àquele vale anatômico, a que só tem acesso dedo de
proctologista e urologista - salvo gostos que não se discute, claro. Ali, nos
arredores dos camarotes oficiais, nem pipoqueiro, vendedor de cachorro quente,
ou vendedor de pastel havia. A Fifa, trazida para cá pelo supramencionado
"doutor", tinha proibido esse quebra-galho dos pobres. Como não se
interessa por quem não tem dinheiro, ela
proíbe a entrada de
pobres em seus eventos, botando preços de ópera no circo do futebol.
Estamos
todos de acordo, portanto. Quem vaiou a dona Dilma e invectivou contra suas
partes pudendas não foram os pobres. Não foram aqueles que levantam de
madrugada pra pegar no batente, espremidos no “busão” ou no metrô, em troca de um
salário mínimo que mal serve de salvo-conduto contra a miséria. Não foram os
candidatos à morte na fila do SUS, nem os bem educados, mas mal pagos
professores.
Não foram
também os miseráveis, os que conseguem o milagre de sobreviver com
“bolsa-família”. Não foram os desclassificados, que moram na rua, dormem
debaixo dos viadutos, vivem do assistencialismo das pessoas caridosas e, porque
não votam, estão excluídos dos planos de manutenção no poder.
É claro que
nem os multimilionários, como o filho do sempre presente Lula da Silva, ou o
Paulo Costa, que tem conta na Suiça, nem os empresários ricos, sócios da
Fazenda Federal, iriam gastar suas cordas vocais contra quem lhes proporciona o
caminho da felicidade: quem nunca teve “medo de ser feliz” está fora dessa. Então, se não foram os multimilionários, os ricos, os pobres, os
miseráveis ou os desclassificados, só sobra certo tipo de suspeito: a classe
média.
A classe
média que leva este país nas costas e, em troca, é assacada pela Fazenda e tem
o nome inscrito no Cadim, se o erário não se sente saciado por ela, sim, estava
lá. A classe média que, para ter segurança tem que desembolsar a
contraprestação, a classe média que, para ter saúde, tem que engordar os cofres
dos Planos de Sáude, conseguiu, sim, um lugar perto dos ricos no Itaquerão.
E aí vaiou
e xingou a dona Dilma. Vaiou, simplesmente, porque não tem educação, como alardearam
cronistas e outros puxa-sacos. Claro que não tem educação. Precisando disputar
as sobras das “cotas” nas universidades públicas, a grande massa da classe
média ou cai fora do ensino superior, ou tem que arcar com mais uma conta, a da
universidade particular.
Sim, a
classe média não tem educação, no sentido de ensino, porque faltam escolas. Não
tem educação no sentido de comportamento, porque lhe faltam paradigmas. Ela só
tem diante dos olhos o contubérnio da política com a corrupção, o
enriquecimento vertiginoso dos filhos de políticos e as negociatas desses, com o nosso dinheiro, para
se manterem no poder.
Não é o
cargo que dignifica seu ocupante: esse é que deve dignificar o cargo. A
“educação”, que falsos moralistas (entre eles o “angélico” Maradona) cobram do
povo desrespeitado pela classe política, não tem outro nome: é subserviência.
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