MAIS
BESTAS DO QUE APOCALIPSE
João Eichbaum
De
repente, inusitados fenômenos sociais começaram a ganhar as
ruas no Brasil. O povo, como que
acordado durante um pesadelo, se deu conta do quanto pode, e mostrou sua insatisfação contra o mau uso da
máquina pública, que provoca opressão e castiga os que trabalham.
Tudo
começou há um ano quando, em Porto Alegre, um grupo tomou a dianteira e
levantou a voz contra o aumento de passagens de ônibus. Houve depredação,
selvageria, extravasão da animalidade
reprimida, ao lado de protestos sem beligerância, mas que mostravam o poder das
massas, Como um rastilho de pólvora as manifestações populares chegaram até São Paulo.O motivo era o mesmo:
insurreição contra o aumento das
passagens de ônibus. Multidões consideráveis também chegaram a se reunir no Rio
de Janeiro.
Houve
confronto, houve reação violenta, tanto de parte da polícia como de parte dos
manifestantes, com radicalização de ambos os lados.Não faltou tragédia e morte.
Acontecimentos
nada triviais ocorreram até no Supremo Tribunal Federal. Joaquim Barbosa, o
presidente da Corte, no julgamento do mensalão, assumiu posição e atitudes que nem o autor da ação, o
Ministério Público, ousou. Agindo menos como juiz do que como acusador, Barbosa
parecia de mal com o mundo, recusando opiniões contrárias às suas teses,
armando-se de uma carranca de poucos amigos, tratando com altivez seus próprios
colegas.
Este
ano, antes da copa, pipocaram manifestações contra o evento da Fifa, houve
greves, tumultos, depredações, violência policial.
Na
inauguração da controvertida Copa, insulto de que jamais se tivera notícia na
história do presidencialismo brasileiro atingiu a presidente. Em voz uníssona,
estridente, ribombou no estádio um desejo público de sodomia contra Dilma Rousseff .
Claro,
uma expressão como aquela, que ninguém gosta de ouvir, tendo atingido a suprema
mandatária da nação, gerou conflitos. Seus partidários não engoliram em seco a
ofensa e partiram para o ataque. Lula da Silva, o cacique mor do PT retomou o
discurso de metalúrgico, aquele que não tem retórica, porque é tomado pelo
veneno da linguagem. A partir dele, incitou ao ódio entre classes, entre os
compatriotas, atribuindo a ofensa à "elite branca".
Em
novo capítulo o fenômeno atingiu outra vez o Supremo. O advogado de José
Genuíno irrompeu no plenário e interrompeu a sessão, exigindo a análise do
pedido de prisão domiciliar para o ex-guerrilheiro. Perdendo os cadernos,
Barbosa ordenou que os seguranças retirassem o indesejado causídico.
Então
é esse o quadro: insatisfação popular, violência, degradação das autoridades.
Não chega a ser um fenômeno apocalíptico, mas a presença das bestas é inegável.
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