A GENITORA DA CORRUPÇÃO
João Eichbaum
Decididamente, nós, brasileiros, não temos sorte.
Sortudos, mesmo, foram os americanos, descobertos por ingleses. A nós coube a
má sorte de posar no foco dos portugueses. Já contei isso mais de uma vez, mas
não custa repetir: o primeiro ouvidor geral do Brasil foi Dom Pero Borges,
trazido para cá por Tomé de Souza.
Currículo do tal de Pero Borges: tinha sido
desembargador em Lisboa e lá havia misturado seu dinheiro com o dinheiro
público, e não conseguiu distinguir um do outro. Apanhado em tais safadezas,
foi afastado do cargo de desembargador e impedido de exercer qualquer função pública em Portugal.
Por
isso, veio para o Brasil, trazido por Tomé de Souza, que o investiu na honrosa
função de Ouvidor Geral. Não. Não é piada de português. É pura verdade. Se
duvidarem, consultem a obra do Eduardo Bueno.
Agora, vejam a coincidência: foi preso sábado, quando
desembarcava no aeroporto de Lisboa, o ex-primeiro ministro de Portugal, José
Sócrates. Motivos da prisão: sonegação fiscal, negócios com bancos e corrupção.
Assim como ele foram presos mais seis políticos daquela terrinha donde vieram
os ascendentes do Sarney, do Collor de Melo, do Renan Calheiros e do Lula.
Ao que tudo indica, o Juízo Final está chegando também
em Portugal com lava-jato. Ao mesmo tempo em que, no Brasil, se tenta cortar os
tentáculos da corrupção espalhados pelo petróleo, que era para ser nosso, na
terra-mãe prendem-se corruptos, que ficam por lá, já que aqui, no país
descoberto por eles, tem gente que chega dessa laia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário