segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A GENITORA DA CORRUPÇÃO

João Eichbaum


Decididamente, nós, brasileiros, não temos sorte. Sortudos, mesmo, foram os americanos, descobertos por ingleses. A nós coube a má sorte de posar no foco dos portugueses. Já contei isso mais de uma vez, mas não custa repetir: o primeiro ouvidor geral do Brasil foi Dom Pero Borges, trazido para cá por Tomé de Souza.

Currículo do tal de Pero Borges: tinha sido desembargador em Lisboa e lá havia misturado seu dinheiro com o dinheiro público, e não conseguiu distinguir um do outro. Apanhado em tais safadezas, foi afastado do cargo de desembargador e impedido de  exercer  qualquer função pública em Portugal.

Por isso, veio para o Brasil, trazido por Tomé de Souza, que o investiu na honrosa função de Ouvidor Geral. Não. Não é piada de português. É pura verdade. Se duvidarem, consultem a obra do Eduardo Bueno.

Agora, vejam a coincidência: foi preso sábado, quando desembarcava no aeroporto de Lisboa, o ex-primeiro ministro de Portugal, José Sócrates. Motivos da prisão: sonegação fiscal, negócios com bancos e corrupção. Assim como ele foram presos mais seis políticos daquela terrinha donde vieram os ascendentes do Sarney, do Collor de Melo, do Renan Calheiros e do Lula.

Ao que tudo indica, o Juízo Final está chegando também em Portugal com lava-jato. Ao mesmo tempo em que, no Brasil, se tenta cortar os tentáculos da corrupção espalhados pelo petróleo, que era para ser nosso, na terra-mãe prendem-se corruptos, que ficam por lá, já que aqui, no país descoberto por eles, tem gente que chega dessa laia.


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