O FARO DE DEUS E O PIZZOLATO
João Eichbaum
Jesus Cristo, que gostava de fazer frases de efeito,
se saiu com essa um dia: “muitos são os
chamados, mas poucos são os escolhidos”. Os exegetas da Igreja Católica
destrincham do jeito deles a charada. O
que o Nazareno quis dizer, afirmam eles, é que Deus faz um peneirão: atrai um
monte de candidatos à promissora carreira de padre, mas só escolhe alguns.
Se supõe, é claro, que os escolhidos sejam os
melhores. Ninguém escolhe os piores. Ainda mais que, segundo o povão, “Deus
sabe o que faz”. Bem, se assim é, Deus anda errando muito. O que tem de padre
largando a batina pra pegar mulher não é pouco. Sem contar os pedófilos, que
fazem coisa pior, por baixo da batina.
Uma das mais recentes “escolhas” de Deus está nos
jornais dessa semana. O Pizzolato, sim, ele mesmo, o Henrique Pizzolato, ex-
diretor de Marketing do Banco do Brasil encontrou lá na Itália “pequenos sinais
da existência do dito Criador”.
Só para reavivar a memória de vocês: o Pizzolato, que
antes tinha sido seminarista, desviou uma grana legal do Banco do Brasil. Com uma
parte abasteceu o PT para comprar partidos de apoio ao Lula e com a outra
investiu em si mesmo. Foi condenado e fugiu para a Itália. Deixou a polícia
brasileira com as algemas na mão, quebrando a cabeça à procura dele. Mas Deus
chegou na frente.
Pizzolato foi preso também na Itália. Mas isso deve
ter sido por conta dos projetos de Deus, porque foi exatamente na cadeia que
Deus o encontrou. Se não tivesse sido preso, não teria conhecido a Igreja
Pentecostal, em cujo seio diz que viu os “sinais de Deus”. A Igreja Católica
perdeu um padre, mas os pentecostais ganharam mais um crente. Pelo visto, Deus
gosta de confusão e, para isso, escolhe os caras certos.
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