DE
JUÍZES E DEUSES
João Eichbaum
Está decidido e transitou em
julgado: juiz é Deus. Quem disser o contrário vai preso ou terá que pagar
indenização.
Não. Não estou delirando,
inventando bobagens. Estou apenas transmitindo para vocês a notícia de uma
bobagem que já foi feita. Uma, das inúmeras, que só a Justiça não se peja de
fazer.
Desde quando, dizer que
alguém “não é Deus” é ofensa, fere a honra e a alma, desacata, bota abaixo uma
instituição?
Pois a Justiça do Rio de
Janeiro, essa mesma justiça que ganha, a título de auxílio-moradia, um valor
que para os professores é prêmio de loteria, essa Justiça bateu o recorde da
idiotice.
Essa Justiça, desprovida de
massa encefálica, que julga os infelizes cariocas, enxertou a divindade na
toga.
Se queria respeito, se deu
mal, muito mal. O Brasil inteiro se levanta não só para protestar como para
esculachar os togados, mostrando de que matéria eles são feitos.
Arrogância e vaidade não
combinam com sabedoria. A sabedoria não encontra lugar na cachola de quem vive
embriado pelo poder. Sabe-se agora que os juízes cariocas são muito mais arrogantes
e vaidosos do que sábios. E que toda essa arrogância e essa vaidade e essa
fraqueza de espírito e de intelecto são mantidas com o dinheiro do
contribuinte.
Tenho pena de quem necessita
dessa máquina de triturar sentimentos chamada Justiça. O atual Judiciário
brasileiro não serve como modelo de organização social: suas prioridades são os
interesses e as conveniências dos juízes. Os direitos dos cidadãos (a menos que
se trate de um José Dirceu da vida) ficam para o segundo plano.
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