UM HERÓI MAL PARIDO
João Eichbaum
Em belíssimo artigo, intitulado “Os Culpados e as
Certezas”, o arquiteto, artista plástico e escritor João Cesar de Melo, atribui
à passividade e ao comodismo dos brasileiros e, notadamente, de algumas figuras
de proa da sociedade e de políticos da oposição, a vitória eleitoral do PT.
Cita,
entre outros, Joaquim Barbosa, ao qual assim se refere: “Como símbolo da
covardia da metade não corrompida do Brasil, aponto Joaquim Barbosa. Mesmo
sendo reconhecido pela população como um herói por seu posicionamento no
processo do Mensalão, retirou-se covardemente de cena logo quando a sociedade
mais precisava dele. Foi ameaçado e caluniado de todas as maneiras pelo PT,
mesmo assim se manteve distante do processo eleitoral. Teriam bastado duas ou
três manifestações públicas dele em apoio ao candidato do PSDB para Dilma
perder muitos votos. Mas não… Joaquim Barbosa não quis se meter na política.
Prezou sua imagem. Foi covarde.”
Só nessa parte, discordo do excelente autor. Joaquim
Barbosa não é tudo aquilo que se diz dele. Quem conhece a ciência do Direito e
o múnus da magistratura sabe que Joaquim Barbosa não serve como modelo de juiz.
Sua atuação, no caso do “mensalão” foi, do ponto de vista jurídico, um
fracasso. De seus votos não se tira uma frase sequer que contenha uma aceitável
lição de Direito.
Quem pariu o “herói” nacional chamado Joaquim
Barbosa foi a grande imprensa, a maior interessada em manchetes sobre
corrupção. Como um jogador de futebol que, incentivado pela torcida, cresce em
campo, mesmo sendo um perna-de-pau, o Joaquim Barbosa, aplaudido, ovacionado, foi
carregado nos ombros dessa imprensa. E o povo, que gosta de circo e nada
conhece da ciência jurídica, aplaudiu, adorou, idolatrou o relator do mensalão.
O verdadeiro Barbosa não é aquele que a imprensa
queria, e pintava como se o fosse. O verdadeiro Barbosa é o turrão, o intolerante
que, não tendo argumentos, queria vencer no grito. O verdadeiro Barbosa é
aquele que, não tendo colhão para botar dentro do processo do “mensalão” o
chefe da quadrilha, botou o sub-chefe para justificar a “teoria do domínio do
fato”.
Se ele tivesse feito isso, nada mais seria
necessário. O Aécio teria vencido de barbada. E estaríamos livres da Dilma e do
PT, por todos os séculos dos séculos. Amém.
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