sexta-feira, 14 de novembro de 2014

UM HERÓI MAL PARIDO

João Eichbaum

Em belíssimo artigo, intitulado “Os Culpados e as Certezas”, o arquiteto, artista plástico e escritor João Cesar de Melo, atribui à passividade e ao comodismo dos brasileiros e, notadamente, de algumas figuras de proa da sociedade e de políticos da oposição, a vitória eleitoral do PT.

 Cita, entre outros, Joaquim Barbosa, ao qual assim se refere: “Como símbolo da covardia da metade não corrompida do Brasil, aponto Joaquim Barbosa. Mesmo sendo reconhecido pela população como um herói por seu posicionamento no processo do Mensalão, retirou-se covardemente de cena logo quando a sociedade mais precisava dele. Foi ameaçado e caluniado de todas as maneiras pelo PT, mesmo assim se manteve distante do processo eleitoral. Teriam bastado duas ou três manifestações públicas dele em apoio ao candidato do PSDB para Dilma perder muitos votos. Mas não… Joaquim Barbosa não quis se meter na política. Prezou sua imagem. Foi covarde.”

Só nessa parte, discordo do excelente autor. Joaquim Barbosa não é tudo aquilo que se diz dele. Quem conhece a ciência do Direito e o múnus da magistratura sabe que Joaquim Barbosa não serve como modelo de juiz. Sua atuação, no caso do “mensalão” foi, do ponto de vista jurídico, um fracasso. De seus votos não se tira uma frase sequer que contenha uma aceitável lição de Direito.

Quem pariu o “herói” nacional chamado Joaquim Barbosa foi a grande imprensa, a maior interessada em manchetes sobre corrupção. Como um jogador de futebol que, incentivado pela torcida, cresce em campo, mesmo sendo um perna-de-pau, o Joaquim Barbosa, aplaudido, ovacionado, foi carregado nos ombros dessa imprensa. E o povo, que gosta de circo e nada conhece da ciência jurídica, aplaudiu, adorou, idolatrou o relator do mensalão.

O verdadeiro Barbosa não é aquele que a imprensa queria, e pintava como se o fosse. O verdadeiro Barbosa é o turrão, o intolerante que, não tendo argumentos, queria vencer no grito. O verdadeiro Barbosa é aquele que, não tendo colhão para botar dentro do processo do “mensalão” o chefe da quadrilha, botou o sub-chefe para justificar a “teoria do domínio do fato”.

Se ele tivesse feito isso, nada mais seria necessário. O Aécio teria vencido de barbada. E estaríamos livres da Dilma e do PT, por todos os séculos dos séculos. Amém.




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