A POLÍTICA É O ESPELHO DO
POVO
João Eichbaum
Coincidência ou não,
depois que o direito de votar foi estendido aos analfabetos, as instituições
políticas brasileiras desceram a um nível de desqualificação sem precedentes.
Pessoas completamente despreparadas têm assento nas cadeiras legislativas,
ministros sem a mínima noção da área que irão comandar integram o poder
executivo. De presidentes e governadores
nem é bom falar.
O Poder Legislativo
federal de há muito abandonou suas funções específicas porque a malícia dos
mais espertos, condimentada pela ignorância jurídica em geral, conseguiu a
façanha de conferir ao Executivo o poder de legislar, através das chamadas
“medidas provisórias”.
A indigência de
conhecimentos jurídicos aliada à submissão dos ministros do Supremo Tribunal
Federal ao Executivo, que os nomeia, deixou que se criasse esse monstrengo
jurídico, fazendo voltar aos velhos tempos do “decreto-lei” o nosso sistema
legislativo.
Resultado: os atuais
legisladores perderam o “cacoete” de legislar. Aliás, alguns deles nem sabem o
que significa isso. Se duvidarem, perguntem ao Tiririca, ao Danrlei, ao
Vicentinho, à Maria do Rosário, ou a quem vocês quiserem, qual é a diferença
entre o “artigo” e o “parágrafo” ou entre esse e o “inciso”.
Diante desse quadro, nada
justifica a surpresa com a proposta de emenda constitucional de um deputado,
substituindo na Constituição os dizeres “todo o poder emana do povo”, por “todo
o poder emana de Deus”. Do mesmo modo, não é de causar estupefação que citações
bíblicas figurem na exposição de motivos como fundamento para se reduzir a
maioridade penal. Dize-me quem és, dir-te-ei que políticos elegeste.
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