sexta-feira, 24 de abril de 2015

MAIS UM PADRE QUE A IGREJA PERDEU

João Eichbaum

Antes da Inquisição, a carreira eclesiástica era extremamente atrativa. A história do Vaticano confirma tal revelação. A pompa, o poder e as riquezas faziam do papado o alvo de muitas ambições. E como a chefia da Igreja estava mais preocupada em manter esse “status quo” do que em disciplinar a vida sacerdotal, era fácil ser padre. Não havia celibato que os impedisse de fornicar.

Depois da Inquisição e principalmente em razão da reforma empreendida por Lutero, a música mudou de tom. A danação ao inferno, provocada pelo “pecado mortal”, veio colocar um pouco de ordem na disciplina eclesiástica e na moral católica. A Igreja reassumiu a hegemonia, mas só do ponto de vista estritamente espiritual. Em tais circunstâncias, as chamadas “vocações sacerdotais” cresceram, movidas pelo desejo de ir “para o céu”.

Mas, querendo se modernizar, a Igreja perdeu pontos. O concílio Vaticano, ao afrouxar a disciplina eclesiástica, além de proporcionar desvios de percurso, tipo “teologia da libertação”, produziu uma debandada de candidatos ao sacerdócio.

Entre os milhares de seminaristas que mandaram “o céu esperar”, porque descobriram que mulher é melhor do que batina, está o atual governador do Rio Grande do Sul, José Sartori, vindo de Caxias do Sul, onde foi prefeito.

Caxias do Sul, um município coalhado de descendentes italianos, leva mais  jeito de paróquia do que de prefeitura. É fácil de administrar, porque tem recursos próprios, gerados em sua potência industrial. Além disso, por ser terra de italiano, Deus, lá, “está em todos os lugares”.

No Estado do Rio Grande do Sul é diferente. A política, nessa terra de ximangos e maragatos, não comporta sotaque de padre no púlpito. O Estado não leva jeito para sair de bandeja na mão, pegando esmola,  cobrando espórtula ou dízimo. Os cofres públicos não se sustentam com teologia e filosofia. O povo já não tem medo do inferno, mas tem medo de não receber salário em dia. Está na hora de tirar a batina, professor Sartori.





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