ATÉ QUANDO?
João Eichbaum
A natureza se renova através da predação. A folha
perde o verdor, morre, seca e, no chão, apodrecendo, serve à fertilidade da
terra. O homem adoece ou morre de velho, por ordem da natureza, que precisa de
espaço para se renovar. Se não houvesse mortes, não haveria lugar para todos
no planeta terra.
Mas, essa mesma natureza atua dentro do homem,
contribuindo para a depredação, necessária à renovação. O transporte de massas,
trens, aviões, navios, ônibus é fruto da inteligência humana, a serviço do bem
estar, do lazer e de outras exigências do “ego”. Como consequência, as mortes
em massa são instrumentos de que se vale a natureza, através da inteligência do
homem, para atingir a taxa de predação necessária.
Há também dentro do homem um outro elemento que, a
serviço do ego da classe dominante, contribui para a predação: a maldade. A
maldade produz guerras, perseguições, mutilações, fome e miséria. A maldade que
provoca a miséria cria doenças, epidemias. A que provoca guerra gera
diretamente a morte de uns e a riqueza de outros. É da morte que indústria
bélica retira o seu lucro, que também gera emprego.
Ultimamente, à maldade se juntou a indiferença como
causa predatória de vidas humanas. Fugindo da maldade das guerras ou das
perseguições religiosas, criaturas atravessam o mar em busca de salvação. Mas a
salvação é abortada pela indiferença dos que só se preocupam com o próprio
umbigo.
Dominado pela natureza, que o fez animal, o homem
recorre à hipocrisia, para inventar balelas tipo “declaração universal dos
direitos do homem”. Mas só se lembra que é “homem”, quando lhe convém. De
resto, vai tocando a vida, ao sabor do lado mais forte de sua natureza, que é o
lado animal.
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