Magistrados querem
“bicho”
João Eichbaum
A projeto da nova Lei Orgânica da Magistratura só não
pode ser chamado de pouca vergonha, porque vergonha é um substantivo banido da
vida dos brasileiros. Já que a classe
política não estimula a honradez, a dignidade e a honestidade, que são
pressupostos da vergonha, nada sobra para o povo comemorar em matérias de valores.
Agora também o Judiciário está se candidatando a
figurar no listão da sem-vergonhice. Para isso vem treinando há muito tempo.
Começou com as equipes de assessores, secretários e estagiários sem
qualificação, praticando monstruosidades que recebem o nome de “sentenças”.
Depois veio o “auxílio-moradia”.
Agora os juízes também pretendem entrar para a roda
dos que usam o erário público em benefício próprio e dos seus. O novo projeto
os com contempla com planos de saúde, auxílio-creche, auxílio-transporte,
auxílio-funeral, auxílio-moradia e, pasmem, “gratificação de produtividade”!
Isso mesmo, os juízes vão ganhar “bicho”: além de
todos os privilégios acima enumerados enganchados no subsídio de trinta mil e
poucos reais, eles vão se equiparar aos jogadores de futebol: bicho por vitória
sobre os processos distribuídos.
Então, vai ficar assim: quem não trabalha ganhará tudo
aquilo que foi acima mencionado e mais a bagatela de trinta e poucos mil
mensais. Quem der duro nos seus assessores, estagiários e secretários, cobrando
deles mais serviço, acrescentará a tudo isso mais a “gratificação de
produtividade”.
O que sobrará depois disso, senão a verdade
irreparável de que não temos em que confiar?
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