sexta-feira, 5 de junho de 2015

AS LIÇÕES  DE RICHARD DAWKINS
João Eichbaum

Várias pessoas foram entrevistadas após a conferência de Richard Dawkins em Porto Alegre. Entre essas entrevistas, chama atenção a manifestação de Paulo Gaiger, músico e professor universitário: “Tenho de me associar também a essa ideia de que uma civilização que tem como grande símbolo um cara crucificado, preso às paredes, não pode ir muito adiante. Temos três psicopatas que regem o mundo da religião, Abraão, Jesus e Maomé, e isso é uma dificuldade para a evolução do pensamento humano.”

Paulo Gaiger tem carradas de razão. As lendas de Abraão, Jesus Cristo e Maomé tiveram seu tempo de glória. Numa época em que o homem ainda não tinha desenvolvido plenamente sua capacidade intelectual, exatamente porque estava preso aos mitos, vá lá que se submetesse a tais estórias.

Hoje, porém, vivemos outros tempos. Vivemos a era da tecnologia, da pesquisa, da busca por respostas da ciência, da expansão do pensamento, da racionalidade. Não temos mais tempo a perder com mitologia. O homem agora se ocupa de si mesmo, busca o que é de melhor para viver intensamente a vida.

O grande problema é que a maioria da população ainda não desenvolveu plenamente sua capacidade intelectual e a essa maioria se juntam intelectuais que não têm coragem de romper com o cordão umbilical da crença e da superstição. Há uma zona de sombra no intelecto deles, que é ocupada pelo medo. Foi tão forte a lavagem cerebral a que foram submetidos na infância, que não conseguem enxergar na morte o fim natural, de que ninguém escapa, e a temem como se fosse um mistério. Nesse item se igualam aos que não tem instrução, vivem à margem da sociedade desenvolvida e esperam que a morte lhes traga coisa melhor.

Mas, já há sinais de começo do fim da escravidão espiritual. Em países com alto padrão de desenvolvimento e elevado quociente de intelectualidade, como Suíça, Suécia, Alemanha, o número de ateus é considerável. As estatísticas têm denunciado o decréscimo da religiosidade, na proporção do crescimento da população. E isso prova que o nível de intelectualidade e de desenvolvimento social dispensam a religião, quando se constata que ela não conta como item na expansão de tais áreas.

 Já nos países pobres, como o Brasil, com baixo PIB, baixo QI e alto índice de criminalidade, o número de descrentes é ínfimo. De tudo isso se conclui que a realidade vivida tem mais força do que a imaginação popular, para excluir a mitologia religiosa da lista dos valores sociais.




Nenhum comentário: