AS LIÇÕES
DE RICHARD DAWKINS
João Eichbaum
Várias pessoas foram entrevistadas após a conferência de
Richard Dawkins em Porto Alegre. Entre essas entrevistas, chama atenção a
manifestação de Paulo Gaiger, músico e professor universitário: “Tenho de me
associar também a essa ideia de que uma civilização que tem como grande símbolo
um cara crucificado, preso às paredes, não pode ir muito adiante. Temos três
psicopatas que regem o mundo da religião, Abraão, Jesus e Maomé, e isso é uma
dificuldade para a evolução do pensamento humano.”
Paulo Gaiger tem carradas de razão. As lendas de Abraão,
Jesus Cristo e Maomé tiveram seu tempo de glória. Numa época em que o homem
ainda não tinha desenvolvido plenamente sua capacidade intelectual, exatamente
porque estava preso aos mitos, vá lá que se submetesse a tais estórias.
Hoje, porém, vivemos outros tempos. Vivemos a era da
tecnologia, da pesquisa, da busca por respostas da ciência, da expansão do
pensamento, da racionalidade. Não temos mais tempo a perder com mitologia. O
homem agora se ocupa de si mesmo, busca o que é de melhor para viver
intensamente a vida.
O grande problema é que a maioria da população ainda não
desenvolveu plenamente sua capacidade intelectual e a essa maioria se juntam
intelectuais que não têm coragem de romper com o cordão umbilical da crença e
da superstição. Há uma zona de sombra no intelecto deles, que é ocupada pelo
medo. Foi tão forte a lavagem cerebral a que foram submetidos na infância, que
não conseguem enxergar na morte o fim natural, de que ninguém escapa, e a temem
como se fosse um mistério. Nesse item se igualam aos que não tem instrução,
vivem à margem da sociedade desenvolvida e esperam que a morte lhes traga coisa
melhor.
Mas, já há sinais de começo do fim da escravidão
espiritual. Em países com alto padrão de desenvolvimento e elevado quociente de
intelectualidade, como Suíça, Suécia, Alemanha, o número de ateus é considerável.
As estatísticas têm denunciado o decréscimo da religiosidade, na proporção do
crescimento da população. E isso prova que o nível de intelectualidade e de
desenvolvimento social dispensam a religião, quando se constata que ela não
conta como item na expansão de tais áreas.
Já nos países
pobres, como o Brasil, com baixo PIB, baixo QI e alto índice de criminalidade,
o número de descrentes é ínfimo. De tudo isso se conclui que a realidade vivida tem
mais força do que a imaginação popular, para excluir a mitologia religiosa da
lista dos valores sociais.
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