segunda-feira, 22 de junho de 2015

COMO SE PÕE ABAIXO UMA REPÚBLICA?

João Eichbaum

A Polícia Federal merece o respeito de todos quantos têm cultura neste país. Seria impensável que, dentro dos quadros daquela organização, ressoasse uma expressão em latim perfeito, que, a essa altura dos acontecimentos, poucos juízes saberiam dissecar: “erga omnes”.

Tenho certeza de que a Carmen Lúcia, o Toffoli, o Roberto Barroso, o Teori e o Fachin não saberiam analisar essa expressão, “erga omnes”. Analisar. Traduzir já é outra coisa. Traduzir, o Google traduz. O que eu quero ver é analisar.

O que é “erga”? A que categoria gramatical pertence esse termo? Pressupondo uma resposta correta, sigo perguntando: qual é o caso regido pelo termo “erga”? Nominativo, genitivo, dativo, acusativo, ablativo?

Como tenho certeza de que nenhum dos acima nominados, em razão de sua cultura limitada, saberia responder, esclareço: “erga” é preposição, que rege o acusativo. “Erga omnes”, no sentido que lhe dá a polícia federal, significa “com relação a todos”.

Quer dizer: ninguém vai ficar de fora, ninguém será poupado, a investigação irá atrás de todos os corruptos, a partir das  empresas que engordaram o patrimônio de políticos, dos quais receberam favores. Irá atrás dos Odebrecht, dos Andrade Gutierrez, e até da puta que pariu o Badanha.

Se assim é, a investigação não deve terminar no Lula. Ela irá desidratar e desossar a corrupção na política brasileira. Antes do Lula houve um presidente que conseguiu maioria para votar a favor da reforma constitucional, que o manteria no poder. A que preço? É justamente atrás disso que deverá andar a investigação, pegando o fio da meada.

Para comprar votos é preciso dinheiro. E donde viria o dinheiro? Ora, ora, de empresas que recebem dinheiro do governo. Espera-se que a operação “Erga Omnes” chegue lá. E só para cutucar na memória de vocês: o Lula tinha um companheiro que, com ele, distribuía panfletos na porta das fábricas, incitando reivindicações e greves. Era um “filhinho de papai general”, que teve preceptora francesa e nunca soube o que é viver na miséria: Fernando Henrique Cardoso.


Só assim se põe abaixo uma república, para começar tudo de novo: mandando para a cadeia situação e oposição.

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