COMO SE PÕE ABAIXO UMA REPÚBLICA?
João Eichbaum
A Polícia Federal merece o respeito de
todos quantos têm cultura neste país. Seria impensável que, dentro dos quadros
daquela organização, ressoasse uma expressão em latim perfeito, que, a essa
altura dos acontecimentos, poucos juízes saberiam dissecar: “erga omnes”.
Tenho certeza de que a Carmen Lúcia, o
Toffoli, o Roberto Barroso, o Teori e o Fachin não saberiam analisar essa
expressão, “erga omnes”. Analisar. Traduzir já é outra coisa. Traduzir, o
Google traduz. O que eu quero ver é analisar.
O que é “erga”? A que categoria
gramatical pertence esse termo? Pressupondo uma resposta correta, sigo perguntando:
qual é o caso regido pelo termo “erga”? Nominativo, genitivo, dativo,
acusativo, ablativo?
Como tenho certeza de que nenhum dos
acima nominados, em razão de sua cultura limitada, saberia responder, esclareço:
“erga” é preposição, que rege o acusativo. “Erga omnes”, no sentido que lhe dá
a polícia federal, significa “com relação a todos”.
Quer dizer: ninguém vai ficar de fora, ninguém
será poupado, a investigação irá atrás de todos os corruptos, a partir das empresas que engordaram o patrimônio de políticos, dos quais receberam favores. Irá atrás dos Odebrecht, dos
Andrade Gutierrez, e até da puta que pariu o Badanha.
Se assim é, a investigação não deve terminar
no Lula. Ela irá desidratar e desossar a corrupção na política brasileira.
Antes do Lula houve um presidente que conseguiu maioria para votar a favor da
reforma constitucional, que o manteria no poder. A que preço? É justamente
atrás disso que deverá andar a investigação, pegando o fio da meada.
Para comprar votos é preciso dinheiro. E
donde viria o dinheiro? Ora, ora, de empresas que recebem dinheiro do governo. Espera-se
que a operação “Erga Omnes” chegue lá. E só para cutucar na memória de vocês: o
Lula tinha um companheiro que, com ele, distribuía panfletos na porta das fábricas,
incitando reivindicações e greves. Era um “filhinho de papai general”, que teve
preceptora francesa e nunca soube o que é viver na miséria: Fernando Henrique
Cardoso.
Só assim se põe abaixo uma república,
para começar tudo de novo: mandando para a cadeia situação e oposição.
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