terça-feira, 2 de junho de 2015

ORGULHO BRASILEIRO

João Eichbaum

Faz algum tempo que o brasileiro não tem motivo para se orgulhar do seu Brasil, que só rima hoje com céu de anil e gentil, porque deixou de ser varonil, desde que o Fux reformou o § 3º do artigo 226 da Constituição Federal. Na realidade, o brasileiro nunca teria motivo para orgulho, se conhecesse a história desta terra de “palmeiras, onde canta o sabiá”, que foi invadida e tomada por portugueses, tal e qual faz o pessoal do Stedile hoje em dia.

A diferença é que os portugueses começaram com missa, mandaram padres para cá, com a finalidade de reorganizar a teologia, trocando Tupã, pelo Cristo crucificado. Os invasores deixaram as mulheres deles lá em Portugal, aquelas barangas lacradas em vestidos e batas pretas dos pés à cabeça, trocando-as pelas indiazinhas virgens, sem pelos pubianos, lisinhas, peitos durinhos, lábios de mel, livres e soltas para gozar a vida.

A seguir, vieram os saques: ouro, pau brasil, e tudo o mais que rendesse um bom dinheiro. E como não eram de pegar no batente, os invasores partiram para a crueldade, entulhando os porões fétidos de seus navios com pobres negros da África, transformados em mercadoria.

Cinco séculos depois, o Brasil se tornou uma nação multifária: europeus de olhos claros, índios de cabelos pretos, escorregadios, e negros trazidos sob grilhões da África, botando espermatozoides a perseguir óvulos, formaram um país para todos os gostos, principalmente os gostos carnais.

Sem um ponto comum para se orgulhar de uma pátria sem história, sem um passado próprio, os brasileiros passaram a se apegar a qualquer coisa que lhes servisse de orgulho. A sorte em algumas belezas (de linhagem puramente alemã, Shirley Malmann, Gisele Bündchen) e algumas competições esportivas como copa do mundo, basquete, vôlei, box, automobilismo alimentaram o orgulho nacional. Confundindo as pessoas com o país, os brasileiros celebravam o sucesso delas, como se fosse o próprio.

De uns tempos a esta parte, a coisa mudou. O Brasil perdeu o Papa para a Argentina, levou 7x1 da Alemanha, não ganhou mais nada em basquete, box, vôlei e automobilismo, e sua última top model se despediu das passarelas internacionais. Para completar, a vergonha nacional caiu na boca do mundo: a maior empresa brasileira, a Petrobrás, virou um caldo de corrupção e um ex-presidente da CBF e ex-governador de São Paulo foi preso pelo FBI. Enfim, se esfarinhou a confiança nos poderes da república, de cujos porões começou a verter um inconfundível fedor de merda humana.

Não “podeis, da pátria filhos, ver contente a mãe gentil”? Calma minha gente. Nada disso. Esperai só um pouquinho. Fevereiro de 2016, quer dizer, o Carnaval, está logo aí. Confiai e vereis o verão. O orgulho nacional vai avançar, vai subir, superar a bolsa, vai esquentar a temperatura. O Rio de Janeiro vai encher de gringos e vós, brasileiros, voltareis a ter orgulho: os bumbuns nos sambódromos salvarão a pátria, preservando sua imagem – a mesma que conquistou os portugueses.




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