MODOS DE CHEGAR
João Eichbaum
Para fechar o currículo com um perfil de criatura
insólita e sensual, não é necessário se entregar a pensamentos pequenos, subir
em botas de salto alto e enfiar minissaia - sem calcinha, para fazer tudo
combinar com o róseo daquela parte, que não menciono na presença de senhoras da
sociedade. Por exemplo, a Rose e a Helena Ventura não se serviram de tais
expedientes.
A Rose, aquela do Lula, não agia desse
modo. Despachada pelo Zé Dirceu, ela encontrou o caminho da vida na vida do
Lula, do Lula presidente. Sindicalista como ele, sedenta de poder como ele, foi
se chegando só na base das ideias e dos objetivos do partido, que coincidiam
com seus objetivos. Foi devagar, comendo pelas beiradas: ela e todas as
mulheres maravilhas sabem que os homens têm o seu lado de montar e são guiados
mais pela testosterona do que pela inteligência.
Nas viagens internacionais, nas quais o
Lula se fazia acompanhar pela primeira dama, a Rose fazia parte da comitiva
presidencial oficialmente, na condição de assessora. Seu nome figurava na
lista, tudo certinho, crachá pendurado no pescoço, função, etc. E ficava na
dela, assessorando sabe-se lá o quê.
Depois, a primeira dama foi enjoando das
viagens, dos salameleques diplomáticos, dos discursos de sempre, e acabou
desistindo de acompanhar o marido. Então surgiu a vez da Rose. Não que fosse
uma beleza, com aquela cara mal amanhada, o queixo duro, a boca voluptuosa de
quem comeu a maçã do diabo. Mas sabia apresentar a credencial do corpo. Um
corpão de mulher experiente, cheio de carnes, próprio para ser agarrado em
qualquer parte, e uns olhos melados pelo desejo. E tudo fluía nos trinques,
desde que o nome dela não constasse da lista do séquito presidencial.
A atual mulher do governador de Minas, o
tal de Pimentel, é a mesma coisa. Chegou como assessora, de assessora passou a
secretária, subchefe e tal e coisa. Não precisou de muita competência, para
deixar os hormônios do chefe alvoroçados. Até que chegou lá: primeira dama de
Minas Gerais, na alegria e agora também na tristeza, sob a mira da polícia
federal e do Sérgio Moro.
A Rose, com aquele puxadinho da
Presidência da República, que o Lula arrumou pra ela em São Paulo, e a Helena
Maria de Souza, que também atende pelo nome de Helena Ventura, atrelando sua
beleza à carreira política do Fernando Pimentel, tinham um objetivo na vida e
botaram a mão na taça. Imoral é andar de minissaia sem calcinha, combinando com
a perereca. Participar do poder ou montar empresas de fachada, para lavar
dinheiro mal havido, não consta na lista dos pecados mortais. O PT que o diga.
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