quarta-feira, 24 de junho de 2015

O “COLUNISTA” JOBIM

João Eichbaum

Se um jornal não tem critérios para escolher bons colunistas, é porque está muito mal informado com relação a seu público alvo. A Zero Hora, por exemplo, cedeu espaço para um cidadão que nunca revelou talento na arte da escrita: Nelson Jobim. Além de insosso, o ex-advogado, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-ministro da Justiça, ex-ministro do Supremo e ex-ministro da defesa, empobrece seus textos, tanto na construção das orações como na dialética.

Em artigo publicado segunda-feira, Jobim discorreu sobre projeto de emenda constitucional, de autoria do deputado Capitão Augusto, que trata do “status” funcional de policiais e bombeiros, candidatos a cargos eletivos. O referido “colunista” se perdeu no seguinte emaranhado:“...os policiais e bombeiros, se eleitos, poderão voltar ao quartel quando do término do mandato ou ao não terem sido novamente eleitos para qualquer cargo”.

  “Poderão...ao não terem sido”? Nossa! Qualquer pessoa que não costume maltratar o vernáculo redigiria de forma a não engasgar o leitor. Por exemplo assim: “policiais e bombeiros, quando se candidatarem a cargos eletivos, terão assegurado o retorno às suas funções, tanto no fim do mandato, como na hipótese de insucesso eleitoral”.

Mas, a falta de intimidade com a arte de escrever, certamente é também responsável pela pobreza dialética do político, hoje nem tanto militante. Em seu artigo, ele se manifesta contra o retorno de “policiais e bombeiros” para os quartéis, por temer que usem “esses espaços para fazer política”. E disso conclui que os deputados que aprovaram o projeto “não estão pensando no país”.

 Ora, ora! Qual é o político brasileiro que, antes de pensar em si, na sua amante, nos seus filhos e parentes, pensa no país? E o político, escolhido como “ministro da defesa”, sacode o pó dos coturnos políticos antes de entrar no quartel? E a política é tão perniciosa assim, que em nome dela se deva negar a policiais e bombeiros o princípio constitucional da igualdade de todos perante a lei?

O que falta em dialética ao “colunista”, lhe sobra em experiência. Donde se pode concluir que, realmente, a política no Brasil deixou de ser a ortodoxa arte de governar, para se transformar na arte de furtar, se divertindo: não se deve levar lições desse antro “canorum  et circencium” para dentro dos quartéis.



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