O “COLUNISTA” JOBIM
João Eichbaum
Se um jornal não tem critérios para
escolher bons colunistas, é porque está muito mal informado com relação a seu
público alvo. A Zero Hora, por exemplo, cedeu espaço para um cidadão que nunca
revelou talento na arte da escrita: Nelson Jobim. Além de insosso, o
ex-advogado, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-ministro da Justiça,
ex-ministro do Supremo e ex-ministro da defesa, empobrece seus textos, tanto na
construção das orações como na dialética.
Em artigo publicado segunda-feira, Jobim
discorreu sobre projeto de emenda constitucional, de autoria do deputado
Capitão Augusto, que trata do “status” funcional de policiais e bombeiros,
candidatos a cargos eletivos. O referido “colunista” se perdeu no seguinte
emaranhado:“...os policiais e bombeiros, se eleitos, poderão voltar ao quartel
quando do término do mandato ou ao não terem sido novamente eleitos para
qualquer cargo”.
“Poderão...ao não terem sido”? Nossa! Qualquer
pessoa que não costume maltratar o vernáculo redigiria de forma a não engasgar
o leitor. Por exemplo assim: “policiais e bombeiros, quando se candidatarem a
cargos eletivos, terão assegurado o retorno às suas funções, tanto no fim do mandato,
como na hipótese de insucesso eleitoral”.
Mas, a falta de intimidade com a arte de
escrever, certamente é também responsável pela pobreza dialética do político,
hoje nem tanto militante. Em seu artigo, ele se manifesta contra o retorno de
“policiais e bombeiros” para os quartéis, por temer que usem “esses espaços
para fazer política”. E disso conclui que os deputados que aprovaram o projeto “não
estão pensando no país”.
Ora, ora! Qual é o político brasileiro que,
antes de pensar em si, na sua amante, nos seus filhos e parentes, pensa no
país? E o político, escolhido como “ministro da defesa”, sacode o pó dos
coturnos políticos antes de entrar no quartel? E a política é tão perniciosa
assim, que em nome dela se deva negar a policiais e bombeiros o princípio
constitucional da igualdade de todos perante a lei?
O que falta em dialética ao “colunista”,
lhe sobra em experiência. Donde se pode concluir que, realmente, a política no
Brasil deixou de ser a ortodoxa arte de governar, para se transformar na arte
de furtar, se divertindo: não se deve levar lições desse antro “canorum et circencium” para dentro dos quartéis.
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