A BELEZA INCOMODA
João Eichbaum
O Brasil não tem rainhas. Imaginem se as tivesse. Olhem só o que
aconteceu. Desde que o Michelzinho, aquele menino que tem um patrimônio de dois
milhões de reais, e sua mãe, a bela e recatada Marcela Temer, que é devotada
inteiramente ao lar, se mudaram para o Palácio Jaburu, tudo mudou em volta. É o
que noticia a Folha de São Paulo.
O estacionamento público que há, nas proximidades da residência
oficial de Michel Temer, respectivamente pai e marido das criaturas acima
mencionadas, foi fechado. Jornalistas, por exemplo, têm que estacionar em
espaços improvisados, sem chances de bisbilhotar o que se passa no Palácio.
Manifestações oficiais negam que as mudanças tenham sido feitas em
razão da chegada da bela e recatada senhora Temer que, apesar de possuir
diploma de bacharel em ciências jurídicas, pospõe a profissão de advogada aos
afazeres de mãe e dona de casa.
É nisso que dá, ser bonita. As câmeras e máquinas fotográficas
andam atrás das belas. Repórter nenhum se põe de tocaia para bater foto de
mulher feia. A Dilma, que é o antônimo mais perfeito de mulher bonita, anda de
bicicleta pelas ruas de seu bairro em Porto Alegre e ninguém dá bola.
Mas, em torno do Palácio Jaburu é diferente. Lá reside a dona de
uma beleza que é capaz de triturar corações e não tem nada a ver com a beleza
frívola das atrizes que todo mundo beija. E muitos jornalistas querem saber
também como é, e como vive uma mulher bela, recatada e do lar, desfilando com passos
de miss, na mansão do poder.
Pode ser mera coincidência. Mas, pelo sim ou pelo não, não será
fácil botar nos jornais ou na internet a beleza de Marcela Temer, expondo-a
como objeto de suspiros para corações partidos ou de companhia de qualquer um na
solidão do banheiro. Mesmo que ela seja produtora da mesma matéria fecal
produzida pelo mendigo da esquina.
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