ATALHO QUE LEVA AO STF
João Eichbaum
A arrogância, que seu rostinho de Barbie
não consegue esconder, seus destemperados discursos em favor da Dilma Rousseff,
suas exasperantes manobras para comprometer o processo de impeachment, desataram
contra a senadora Gleisi Hoffmann a repulsa da maioria dos brasileiros.
Dias atrás, a prisão de seu marido, o
ex-ministro de Estado dos governos do PT Paulo Bernardo, arrancou aplausos e
destravou o júbilo desses mesmos brasileiros, menos pelo fim das falcatruas e
roubalheiras, talvez, do que pela humilhação a que foi submetida a senadora.
A par do sentimento de aguda vingança,
provocado em várias camadas sociais, a prisão de Paulo Bernardo acendeu
amarguradas apreensões no Partido dos Trabalhadores. O temor de uma delação, com
respingos para todos os lados, fez muita gente, que se tem por boa nesta
República, espremer o cós das calças e procurar um lugarzinho para acomodar os
buracos: viam no ex-ministro o homem-bomba do atual momento nacional.
A primeira das reações indignadas partiu
de Renan Calheiros. Esquecido de que não é dono de um currículo angelical, ou
talvez por isso mesmo, o presidente do Senado considerou atingida sua
instituição, ameaçando com representações ao STF e ao CNJ o juiz Paulo Azevedo,
que ordenara a prisão de Paulo Bernardo.
Mas, melhor do que Renan se saíram os
advogados do maridão da senadora. Ao invés de impetrarem “habeas corpus”, que
seria julgado pelo Tribunal Federal de São Paulo, foram até o Supremo por um
atalho que os pobres não conhecem. Numa inocente reclamação, atribuíram ao juiz
Azevedo a usurpação da competência daquela Corte.
Tiveram a reclamação indeferida. Mas
foram contemplados com a criatividade de Dias Toffoli. O ministro fez da
reclamação uma cartola de mágico e extraiu dela um Habeas Corpus, em favor de
Paulo Bernardo. De graça, provando que a benevolência da lei pega carona
naqueles mistérios que existem entre o céu e a terra e cujos eflúvios só quem
tem rabo conhece.
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