DEPOIS DA COPA
João Eichbaum
O Lula chorou.
Lembram? Chorou de barriga cheia e com o coração preenchido pelo orgástico
prazer que seu ego exigia: que o Brasil fosse escolhido como sede para a
realização da Copa do Mundo de 2014.
E por conta
dessas lágrimas se construíram arenas, onde clube nenhum faz parte da divisão
especial, como no Amazonas e em Brasília. E o país ficou de quatro, fazendo
todas as vontades da Fifa. E rolou dinheiro público, para que tudo fosse feito
dentro do “padrão Fifa”, inclusive nas obras inacabadas.
Por conta da
Copa morreu gente com vaso sanitário na cabeça, sob os escombros de um viaduto
superfaturado, nas obras do Itaquerão. Mas o Rio de Janeiro, com invejável
serviço de segurança, foi apresentado para servir ao desejo de todos os
estrangeiros cheios de dinheiro e de más intenções, que vão além de se fritarem
ao sol: o éden das mulheres de glúteos carnudos.
E teve
espetáculos de encher os olhos e de encher também a boca, como aquele brado
retumbante, em homenagem às partes impublicáveis da Dilma, desatando em todos
os marmanjos, maiores de quarenta anos, lembranças do dedo médio dos
urologistas.
Até que vieram
os alemães e botaram água no chope. A partir dali a história começou a mudar de
enredo, porque os heróis, que o futebol não mostrou, foram substituídos pelos
vilões. O país, que era para ser palco de vitoriosos, se transformou em
rinhedeiro de politicagem e corrida de pega ladrão.
Impeachment,
Lava Jato, ocupações, protestos, quebra-quebra, desordem de todos os quilates,
criminalidade à solta, políticos na cadeia, desmoralização do Congresso,
desconfiança no STF, atividade industrial encolhendo, Estados indo à
bancarrota. Esse é o cenário da história do Brasil depois da Copa e das
Olimpíadas.
Nada que não
tenha acontecido antes, em países como a Grécia e a África do Sul. Mas parece
que essa jurisprudência, a da espoliação dos pobres, não é levada em conta por
governos populistas. E, como depois do coito vem a tristeza, o Lula chora de
novo, mas por outro motivo: ele e seus
companheiros estão sendo desmamados.
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