sexta-feira, 25 de novembro de 2016

DEPOIS DA COPA

João Eichbaum

O Lula chorou. Lembram? Chorou de barriga cheia e com o coração preenchido pelo orgástico prazer que seu ego exigia: que o Brasil fosse escolhido como sede para a realização da Copa do Mundo de 2014.

E por conta dessas lágrimas se construíram arenas, onde clube nenhum faz parte da divisão especial, como no Amazonas e em Brasília. E o país ficou de quatro, fazendo todas as vontades da Fifa. E rolou dinheiro público, para que tudo fosse feito dentro do “padrão Fifa”, inclusive nas obras inacabadas.

Por conta da Copa morreu gente com vaso sanitário na cabeça, sob os escombros de um viaduto superfaturado, nas obras do Itaquerão. Mas o Rio de Janeiro, com invejável serviço de segurança, foi apresentado para servir ao desejo de todos os estrangeiros cheios de dinheiro e de más intenções, que vão além de se fritarem ao sol: o éden das mulheres de glúteos carnudos.

E teve espetáculos de encher os olhos e de encher também a boca, como aquele brado retumbante, em homenagem às partes impublicáveis da Dilma, desatando em todos os marmanjos, maiores de quarenta anos, lembranças do dedo médio dos urologistas.

Até que vieram os alemães e botaram água no chope. A partir dali a história começou a mudar de enredo, porque os heróis, que o futebol não mostrou, foram substituídos pelos vilões. O país, que era para ser palco de vitoriosos, se transformou em rinhedeiro de politicagem e corrida de pega ladrão.

Impeachment, Lava Jato, ocupações, protestos, quebra-quebra, desordem de todos os quilates, criminalidade à solta, políticos na cadeia, desmoralização do Congresso, desconfiança no STF, atividade industrial encolhendo, Estados indo à bancarrota. Esse é o cenário da história do Brasil depois da Copa e das Olimpíadas.

Nada que não tenha acontecido antes, em países como a Grécia e a África do Sul. Mas parece que essa jurisprudência, a da espoliação dos pobres, não é levada em conta por governos populistas. E, como depois do coito vem a tristeza, o Lula chora de novo, mas por outro motivo:  ele e seus companheiros estão sendo desmamados.




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