terça-feira, 1 de novembro de 2016

O RECADO DAS ELEIÇÕES
João Eichbaum
A mensagem mais eloquente dessas eleições não foi a de que os brasileiros recusam a esquerda, repudiam a corrupção, não aguentam mais barulho de escândalos, não querem saber do PT, do Lula, da Dilma e dos aproveitadores todos, os sindicatos, a UNE, os intelectuais de araque, e outros que tais.
Também não foi a de que elegeu como herói o juiz Moro, responsável, em última análise, pela derrocada do PT, uma agremiação que não conseguiu se desvencilhar das correntes da corrupção, do selo das falcatruas, dos enriquecimentos ilícitos, do rombo nos cofres públicos.
Nem foi um recado para mandar a Dilma, o Lula, o PT, o PSOL e os comunistas de todas as siglas calarem a boca, deixarem de chamar de golpe o impeachment, porque esse, na realidade, foi referendado nas urnas, em todo o país.
Tudo bem. Essas coisas todas foram ditas. Mas o discurso mais contundente foi o do silêncio, foi o do dedo no zero, o da ausência. Os votos nulos, os votos em branco e as abstenções foram mais expressivos, chegando a superar, em alguns lugares, os votos dos candidatos eleitos. A mensagem real foi a de repúdio aos desclassificados, aos carreiristas da política, aos meros puxadores de votos.

Nesse sistema espúrio e mentiroso é uma minoria que escolhe os governantes, a cabresto, ou encurralada por ameaças de multas e penas. E a essa minoria não se pode chamar de povo. E se não é o povo que decide, de forma espontânea, pode-se dar o nome que quiser a esse engodo, menos democracia.

Só haverá verdadeira democracia no dia em que se emprestar ao silêncio, que significa repulsa aos políticos, o mesmo valor do voto. Enquanto os candidatos forem paridos em conchavos, em conciliábulos, servindo de moeda de troca para favores inconfessáveis, o que se pratica neste país não passa de engodo a serviço de interesses de grupos, sejam de direita ou de esquerda. Esse foi o recado.


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