O RECADO DAS ELEIÇÕES
João Eichbaum
A mensagem mais eloquente
dessas eleições não foi a de que os brasileiros recusam a esquerda, repudiam a
corrupção, não aguentam mais barulho de escândalos, não querem saber do PT, do
Lula, da Dilma e dos aproveitadores todos, os sindicatos, a UNE, os
intelectuais de araque, e outros que tais.
Também não foi a de que
elegeu como herói o juiz Moro, responsável, em última análise, pela derrocada
do PT, uma agremiação que não conseguiu se desvencilhar das correntes da
corrupção, do selo das falcatruas, dos enriquecimentos ilícitos, do rombo nos
cofres públicos.
Nem foi um recado para mandar
a Dilma, o Lula, o PT, o PSOL e os comunistas de todas as siglas calarem a
boca, deixarem de chamar de golpe o impeachment, porque esse, na realidade, foi
referendado nas urnas, em todo o país.
Tudo bem. Essas coisas todas
foram ditas. Mas o discurso mais contundente foi o do silêncio, foi o do dedo
no zero, o da ausência. Os votos nulos, os votos em branco e as abstenções
foram mais expressivos, chegando a superar, em alguns lugares, os votos dos
candidatos eleitos. A mensagem real foi a de repúdio aos desclassificados, aos
carreiristas da política, aos meros puxadores de votos.
Nesse sistema espúrio e
mentiroso é uma minoria que escolhe os governantes, a cabresto, ou encurralada
por ameaças de multas e penas. E a essa minoria não se pode chamar de povo. E
se não é o povo
que decide, de forma espontânea, pode-se dar o nome que quiser a esse engodo,
menos democracia.
Só haverá verdadeira
democracia no dia em que se emprestar ao silêncio, que significa repulsa aos
políticos, o mesmo valor do voto. Enquanto os candidatos forem paridos em
conchavos, em conciliábulos, servindo de moeda de troca para favores
inconfessáveis, o que se pratica neste país não passa de engodo a serviço de
interesses de grupos, sejam de direita ou de esquerda. Esse foi o recado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário