A SUPREMA FARSA
João Eichbaum
Graças
à dança das cadeiras promovida pela morte, foi vestido com a toga de ministro
do Supremo Tribunal Federal, cercado de pompa, glória, e demais circunstâncias
que alimentam a vaidade humana, um doutor acusado de plágio. Alexandre de Moraes
ficou muito mais conhecido nas redes sociais como plagiário do que como jurista
respeitável, ou como senhor da sabedoria que aquele cargo exigia...antigamente.
Apesar
do estigma, o novo ministro foi recebido com confetes de elogios. “Que seja um
tempo muito bom e muito virtuoso para vossa excelência e para todo o tribunal,
com a ajuda que, com certeza, será muito grande de sua parte” – disse, com sua
voz de gato ronronando, a Carmen Lúcia. “Tempo bom e virtuoso”...Então, tá.
E
Dias Toffoli, estufando peito: “o ministro Alexandre de Moraes é extremamente
preparado, competente, tem experiência no Poder Executivo, na academia e, sem
dúvida nenhuma, trará aqui contribuições e votos brilhantes para auxiliar nos
julgamentos de causas tão relevantes”.
É
normal esse farfalho de seda rasgada. Mas isso só acontece com quem veste uma
toga que lhe confere a profunda felicidade do poder. Tudo combina com um
tribunal em cuja escala de valores a ostentação está muitos pontos acima da
“justiça”. Sem o preparo, sem o treinamento específico para julgar, o que fará
o político Alexandre de Moraes com os sete mil processos encalhados, que o
Teori Zawaski deixou como herança?
Apesar
de todas as tramoias criadas na jurisprudência, nas súmulas e nas leis,
tentando brecar a avalanche de processos dirigidos ao Supremo, o acúmulo é
invencível. São apenas onze ministros, para manter a ostentação de juízo final.
A ampliação do número de cargos os vulgarizaria, comprometendo sua linhagem
divina. Então, fica como está. Quem precisar de justiça, confie nos dados
marcados pelo destino.
Dentre
esses onze ministros, todos atrelados a adjetivos que vão de “preclaro” a “eminente”,
há sempre alguém de licença, com dor de barriga ou na coluna, viajando, dando
aulas, pronunciando conferências, gastando o tempo em discursos ilusórios ou conversas
com a imprensa. Sem contar as modorrentas tardes em que, com voz pastosa, ficam
lendo prolixos votos, pra boi dormir e sonhar com imensas roças de milho.
Atrás
dessa moldura, o STF se reduz a um palco para apresentação de pantomimas
jurídicas, com roteiros escritos por assessores. Os efeitos sonoros e a
coreografia serão imponentes, quando se tratar de matéria apimentada pelo
sensacionalismo comercial da imprensa. No mais, no dia a dia, o tribunal que,
teoricamente, devia se dedicar a relevantes questões constitucionais, acaba
decidindo, em brigas de casal, quem é que fica com o gato.
Em
suma, mantendo, à custa dos contribuintes, a luxuosa e dispendiosa estrutura
para manter onze ministros com a missão impossível de fazer justiça, a última
instância, no Brasil, não passa de uma farsa.
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