OS CAFETÕES DA REPÚBLICA
João Eichbaum
Eles passam o dia inteirinho assim: coçando o saco,
tomando mate entremeado com cachaça, falando mal da vida alheia. Mas, quebram essa
rotina de dois modos: catando chatos nos
pentelhos, enquanto estão na latrina, e à noite comendo a mulherzinha que o
governo paga.
Não. Não é o que vocês estão pensando. O governo não
fornece dinheiro para o sexo, mas banca aquela vida de vagabundagem, aquela
preguiça obscena. Todo o homem decente, que gosta de trabalhar, ou trabalha
porque precisa, garante a manutenção da família: emprenha a mulher e a
sustenta, como sustenta os filhos também. Mas, com os cafetões da república
isso não acontece.
Os caras não trabalham. Se não trabalham, não têm
donde tirar para sustentar a mulher com que se deitam e os filhos. Então quem
faz isso por eles é o governo, guiado pela doutrina do “coitadismo social”, que
apelidaram de socialismo.
A cafetinice social não tem renda própria, claro. O
cafetão sempre tira de alguém. No caso, os otários são de duas espécies: os
trabalhadores, obrigados a entregar para os sindicatos uma parte do seu salário,
batizada com o nome de “contribuição sindical”, e todas as pessoas, físicas e
jurídicas, cadastradas na Receita Federal, coagidas a pagar impostos.
Transformados em “mixê”, a contribuição sindical e os
impostos vão para os covis, chamados de acampamentos, os antros de vagabundagem
onde se cozinham alimentos políticos para o “coitadismo social” e se alinhavam
projetos para disseminar o caos.
Anteontem, mais uma vez, sofreram as pessoas decentes,
os que pagam impostos, os doentes que precisam enfrentar as filas do SUS para
conseguir uma consulta especializada. Com o transporte público paralisado pelos
cafetões da República, o povo trabalhador pagou o alto preço exigido por esse
“coitadismo social”: a liberdade, o direito de ir e vir, o direito à saúde, à
educação, ao trabalho.
Enquanto os rufiões tomavam cachaça à sombra das
árvores, ou nos botecos de beira de estrada, suas mulheres, atravancando ruas e
sacudindo os quartos traseiros, protestavam contra “o monocultivo do
eucalipto”, contra “o capital”, contra o “agronegócio”, contra o “agrotóxico”,
contra o “Temer”. Enfim, grasnavam qualquer coisa contra tudo. Só não mandavam
ninguém à puta que pariu, para homenagear, com oportuno silêncio, suas
congêneres, as profissionais do ramo do prazer.
Foi a única coisa que lhes ocorreu para festejarem o
“Dia Internacional da Mulher”. Desse modo, profanando os direitos de quem
trabalha, conseguiram tornar mais miserável do que é a existência das mulheres
pobres, que acabaram perdendo a hora no emprego, no hospital, no médico ou na
escola e terão que voltar para a fila do SUS.
Nenhum comentário:
Postar um comentário