sexta-feira, 10 de março de 2017

OS CAFETÕES DA REPÚBLICA

João Eichbaum

Eles passam o dia inteirinho assim: coçando o saco, tomando mate entremeado com cachaça, falando mal da vida alheia. Mas, quebram essa rotina de dois modos:  catando chatos nos pentelhos, enquanto estão na latrina, e à noite comendo a mulherzinha que o governo paga.

Não. Não é o que vocês estão pensando. O governo não fornece dinheiro para o sexo, mas banca aquela vida de vagabundagem, aquela preguiça obscena. Todo o homem decente, que gosta de trabalhar, ou trabalha porque precisa, garante a manutenção da família: emprenha a mulher e a sustenta, como sustenta os filhos também. Mas, com os cafetões da república isso não acontece.

Os caras não trabalham. Se não trabalham, não têm donde tirar para sustentar a mulher com que se deitam e os filhos. Então quem faz isso por eles é o governo, guiado pela doutrina do “coitadismo social”, que apelidaram de socialismo.

A cafetinice social não tem renda própria, claro. O cafetão sempre tira de alguém. No caso, os otários são de duas espécies: os trabalhadores, obrigados a entregar para os sindicatos uma parte do seu salário, batizada com o nome de “contribuição sindical”, e todas as pessoas, físicas e jurídicas, cadastradas na Receita Federal, coagidas a pagar impostos.

Transformados em “mixê”, a contribuição sindical e os impostos vão para os covis, chamados de acampamentos, os antros de vagabundagem onde se cozinham alimentos políticos para o “coitadismo social” e se alinhavam projetos para disseminar o caos.

Anteontem, mais uma vez, sofreram as pessoas decentes, os que pagam impostos, os doentes que precisam enfrentar as filas do SUS para conseguir uma consulta especializada. Com o transporte público paralisado pelos cafetões da República, o povo trabalhador pagou o alto preço exigido por esse “coitadismo social”: a liberdade, o direito de ir e vir, o direito à saúde, à educação, ao trabalho.

Enquanto os rufiões tomavam cachaça à sombra das árvores, ou nos botecos de beira de estrada, suas mulheres, atravancando ruas e sacudindo os quartos traseiros, protestavam contra “o monocultivo do eucalipto”, contra “o capital”, contra o “agronegócio”, contra o “agrotóxico”, contra o “Temer”. Enfim, grasnavam qualquer coisa contra tudo. Só não mandavam ninguém à puta que pariu, para homenagear, com oportuno silêncio, suas congêneres, as profissionais do ramo do prazer.

Foi a única coisa que lhes ocorreu para festejarem o “Dia Internacional da Mulher”. Desse modo, profanando os direitos de quem trabalha, conseguiram tornar mais miserável do que é a existência das mulheres pobres, que acabaram perdendo a hora no emprego, no hospital, no médico ou na escola e terão que voltar para a fila do SUS.





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