sexta-feira, 19 de maio de 2017

ME DÁ UM DINHEIRO AÍ

João Eichbaum

Desde que a república foi redemocratizada pelo PSDB, PMDB, PT e outros partidos de cujos nomes o povo nem se lembra, parece que a ideia dominante é de que a liberdade necessita de dinheiro para sustentar a democracia. Desde então, a frase mais usada nos círculos políticos é “me dá um dinheiro aí”.

Na trajetória da chamada nova república, o presidente eleito Tancredo Neves não assumiu, mas deixou como herdeiro o Aécio Neves, que hoje é manchete nacional. José Sarney, tendo recebido da morte do Tancredo a faixa de presidente, não engrandeceu apenas seu patrimônio. Como bom pai, botou seus filhos na única profissão que enriquece seus praticantes só com blábláblá: a política.

Depois dele, veio o fanfarrão Fernando Collor de Melo, das Alagoas, que meteu a mão na poupança dos brasileiros e manteve o país no redemoinho da inflação, inaugurado pela dita nova república. O pontapé do impeachment o levou à renúncia. E o motivo de tudo isso foi exatamente o que vocês estão pensando: dinheiro.

O tempo em que Itamar Franco ficou presidindo a República foi muito pouco e do ilustre falecido a única coisa que se sabe é que gostava de mulher sem calcinha. Mas sobre seu sucessor, Fernando Henrique Cardoso, cujo nome passou pela boca de alguns delatores premiados, corre muita história mal contada. Fala-se muito dos cifrões que garantiram sua reeleição.

No governo do PT, a política foi realizada pelas siglas OAS, ODEBRECHT, CAMARGO CORREA, QUEIROZ GALVÃO, ANDRADE GUTIERREZ, etc. que praticam a democracia do cifrão. O Lula, por ser honesto, tem uma renda mensal de apenas cinquenta mil reais, mas seu filho, que nunca apresentou certificado de honestidade, é um dos homens mais ricos da Brasil. Dilma, a sucessora do Lula, está na fase das explicações sobre a relação entre o poder econômico e o seu PAC.

E, como a história anda, chegou a vez do Temer, o pai do Michelzinho, um guri que com doze anos já tinha um patrimônio de dois milhões de reais. A mãe do menino é uma bela madame, recatada e do lar, mas precisa de babá para seu guri. Desde ontem o nome do Temer enche bocas e manchetes com notícias sobre a compra de sua honra, que estava em poder de Eduardo Cunha. O negócio, bancado pela JBS, representa uma mesada de quinhentos mil reais, com a fiança moral do presidente.

Esse é o sistema, que faz dos políticos do Brasil as pessoas mais saudáveis do planeta. Eles sorriem e festejam a vida, tranquilizados pela certeza de que ao povo basta a democracia, que lhe dá liberdade para xingá-los. Essa mesma democracia lhes empresta o fenômeno da fênix: das cinzas da corrupção, a cada quatro ou oito anos, eles renascem para a política.
.




Nenhum comentário: