O
RANKING DA VERGONHA
João
Eichbaum
O
Brasil de hoje, ocupando um vexatório 79º lugar no Relatório de Desenvolvimento
Humano (RDH), presta um desserviço à história pátria. Estão à sua frente o
Azerbaijão e a Albânia, sendo esse um dos países mais pobres do continente
Europeu.
Partindo-se
do pressuposto de que não é o povo que administra a si mesmo, a outra conclusão
não se pode chegar, senão a de que o Brasil não dispõe de lideranças capazes.
Ou seja: o desenvolvimento humano, aqui neste país, está entregue a um tipo
gente que não tem qualidade para lhe conferir melhor lugar no concerto das
nações.
O
momento que vivemos, de vacas magras e tristes, é um retrato fiel da
mediocridade que compromete os poderes da República. Na semana passada, a
decisão do Toffoli, do Lewandowski e do Gilmar Mendes, tirando o José Dirceu da
cadeia, atiçou uma reação popular. A Justiça foi transformada na personagem da
canção de Chico Buarque, a lânguida, a andrajosa, a apedrejada Geni.
Nunca,
na história do STF, foi ele tão espezinhado, tão vilipendiado. O tribunal, que
deveria ser a mais respeitável e respeitada das Instituições republicanas, se
expôs a achincalhes que nem o mais vulgar dos puteiros alguma vez mereceu. E
tudo isso porque temos poderes constituídos ao nível do baixo desenvolvimento
humano.
A
lei 12.403/11, a que se deve a soltura de José Dirceu, é um modelo de pobreza
intelectual em termos de ciência do Direito. Suprimindo os efeitos da sentença
condenatória recorrível, sem estabelecer prazo para a prisão preventiva, ela
permitiu que mais de 220 mil presos deixem os cárceres – desde que tenham
dinheiro para chegar ao Supremo...
O
STF fez pior: decidiu que, a partir do julgamento em segunda instância, o
condenado pode ser preso. Ou seja: negou qualquer valor à sentença do juiz de
primeira instância. Tudo isso em nome da “presunção de inocência”, razão que
teria motivado a mencionada Lei 12.403/11.
Mesmo
assim, a Corte, onde deveriam ter assento pessoas de notório saber jurídico,
parece que age antes de pensar. Gerando decisões contraditórias, ela devasta a
confiança na Justiça. Tanto o goleiro Bruno, como José Dirceu, são presos
provisórios. Mas o primeiro, que espera o julgamento de seu recurso há mais de
três anos, voltou para a prisão, ao passo que o último recorreu há apenas oito
meses e foi libertado.
Aqui
os juízes não respondem por seus atos. Quem paga pelos enganos superpostos dos
erros judiciários é o Estado, ou seja, os cidadãos que sustentam a Fazenda
Pública. A insegurança jurídica e a lerdeza de galinha entrevada, que é a marca
da Justiça, são paridas por esse hediondo privilégio. Tudo a ver com um país
que está na rabeira do desenvolvimento humano.
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