sexta-feira, 1 de setembro de 2017

O VERDADEIRO PODER

João Eichbaum

O Estado brasileiro não existe. O que existe são grupos que o dominam e dele se servem como instrumento de poder. A bandidagem explícita, aquela estabelecida no Rio de Janeiro, é um desses grupos. Seu poder, até hoje, não foi abalado. De Força Nacional, de Exército, e de outras enrolações políticas ela nem toma conhecimento.

A polícia...ah, essa ela tem na mão. A Força Nacional custa dinheiro, e o Estado do Rio de Janeiro está falido. Então o Crime a mata no cansaço. Enfrentar o Exército é moleza. O Crime, que vive uma guerra constante, é capaz de dar lições para um Exército que de guerra só conhece a teoria.

Agora, esse grupo, o da bandidagem explícita, (a implícita é outra coisa) acaba de mostrar, de forma também explícita, a força de seu poder, no Rio Grande do Sul, que exporta façanhas “para toda a terra”.

Na véspera do dia em que o governador do Estado se reuniria com o alto escalão do governo, para decidir quando depositaria míseros R$ 350,00 na conta dos servidores, a bandidagem mostrou seu poder.

Uma das facções, que dominam o sistema carcerário, expulsou 164 presos de uma das galerias do Presídio Central de Porto Alegre. Sim, expulsou-os, impedindo seu ingresso no prédio e os condenou ao relento, sem abrigo, sem condições de higiene, como animais abandonados.

E isso, por uma só razão: em represália ao assassinato de um líder, um dos reis do tráfico de drogas, que comandava o sistema carcerário de fora do presídio, livre e solto.

É claro que um governo que não sabe sequer administrar uma folha de pagamento, não tem força, não tem poder, não tem moral para se impor ao grupo que domina verdadeiramente o Estado do Rio Grande do Sul: o da bandidagem explícita.

Coisas que os bandidos resolvem sem agendas e sem comissões, o Estado do Rio Grande do Sul, a Superintendência dos Serviços Penitenciários, as Varas de Execuções Criminais, o Secretário da Justiça e Segurança e o Ministério Público não conseguem neutralizar com reuniões movidas a cafezinho e ar condicionado. Manda quem pode. Quem não tem competência, fica a ver navios, olhando para o Guaíba. Ou vai dançar na Expointer.


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