O VERDADEIRO PODER
João Eichbaum
O Estado brasileiro não
existe. O que existe são grupos que o dominam e dele se servem como instrumento
de poder. A bandidagem explícita, aquela estabelecida no Rio de Janeiro, é um
desses grupos. Seu poder, até hoje, não foi abalado. De Força Nacional, de
Exército, e de outras enrolações políticas ela nem toma conhecimento.
A polícia...ah, essa ela
tem na mão. A Força Nacional custa dinheiro, e o Estado do Rio de Janeiro está
falido. Então o Crime a mata no cansaço. Enfrentar o Exército é moleza. O Crime,
que vive uma guerra constante, é capaz de dar lições para um Exército que de
guerra só conhece a teoria.
Agora, esse grupo, o da
bandidagem explícita, (a implícita é outra coisa) acaba de mostrar, de forma
também explícita, a força de seu poder, no Rio Grande do Sul, que exporta
façanhas “para toda a terra”.
Na véspera do dia em que
o governador do Estado se reuniria com o alto escalão do governo, para decidir
quando depositaria míseros R$ 350,00 na conta dos servidores, a bandidagem
mostrou seu poder.
Uma das facções, que
dominam o sistema carcerário, expulsou 164 presos de uma das galerias do
Presídio Central de Porto Alegre. Sim, expulsou-os, impedindo seu ingresso no
prédio e os condenou ao relento, sem abrigo, sem condições de higiene, como
animais abandonados.
E isso, por uma só razão:
em represália ao assassinato de um líder, um dos reis do tráfico de drogas, que
comandava o sistema carcerário de fora do presídio, livre e solto.
É claro que um governo
que não sabe sequer administrar uma folha de pagamento, não tem força, não tem
poder, não tem moral para se impor ao grupo que domina verdadeiramente o Estado
do Rio Grande do Sul: o da bandidagem explícita.
Coisas que os bandidos
resolvem sem agendas e sem comissões, o Estado do Rio Grande do Sul, a
Superintendência dos Serviços Penitenciários, as Varas de Execuções Criminais,
o Secretário da Justiça e Segurança e o Ministério Público não conseguem
neutralizar com reuniões movidas a cafezinho e ar condicionado. Manda quem
pode. Quem não tem competência, fica a ver navios, olhando para o Guaíba. Ou
vai dançar na Expointer.
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