QUE
PAÍS É ESSE?
João
Eichbaum
Vive-se
no Brasil um momento caótico, viciado por incertezas, desmandos políticos,
roubalheiras, corrupção, comandos ociosos e ministros inúteis. Não há como não
sentir a insatisfação generalizada do povo, o medo, a insegurança, a
desconfiança na Justiça. Gerando assombrosa quota de desemprego, a economia
combalida faz despencar o valor da moeda.
Mas,
os brasileiros figuram em terceiro lugar na lista das pessoas que mais
ingressos adquiriram para a Copa do Mundo na Rússia. À frente, estão os russos,
porque o torneio é lá na casa deles e, a seguir, os americanos, porque são
ricos. Consta também que os mesmos brasileiros batem o recorde na aquisição de
figurinhas para o álbum da dita Copa.
A
seleção de futebol do país está torrando dinheiro. Seu treinador é um dos mais
bem pagos do mundo. Ao embarcar para a Europa, antecipando-se a todas as
seleções, a brasileira foi cercada por um aparato de guerra, garantindo a
segurança para os jogadores: uma segurança que jamais foi posta a serviço de
quem colabora para o desenvolvimento do país, através do trabalho.
Para
quem não sabe, ou não se lembra: um ex-presidente da Confederação Brasileira de
Futebol está preso nos Estados Unidos, cumprindo pena de corrupção, por dinheiro
mal havido através do futebol. Outro responde a processos pelos mesmos motivos.
Os
desmandos praticados na copa de 2014, os rios de dinheiro que foram parar nas
mãos de políticos, as obras que ficaram no papel e nas promessas, e as que
foram realizadas sem se terem prestado para alguma coisa útil, tudo isso parece
esquecido.
E
a imprensa insiste em botar goela abaixo do povo a tal de Copa. Desde a capa, páginas
e páginas de jornal são gastas nesse assunto. A Globo, principalmente, tenta
imbuir as pessoas de um sentimento místico, uma espécie de romantismo, um
simulacro de felicidade.
Bem.
Ela, a Globo, sabe com que bois lavra. Está investindo no tribalismo das banalidades,
única forma de que ambas dispõem, ela e a seleção de futebol, para seduzir os
brasileiros que sofrem felizes, porque não conhecem outra ordem de valores.
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