terça-feira, 12 de junho de 2018


QUE PAÍS É ESSE?
João Eichbaum
Vive-se no Brasil um momento caótico, viciado por incertezas, desmandos políticos, roubalheiras, corrupção, comandos ociosos e ministros inúteis. Não há como não sentir a insatisfação generalizada do povo, o medo, a insegurança, a desconfiança na Justiça. Gerando assombrosa quota de desemprego, a economia combalida faz despencar o valor da moeda.
Mas, os brasileiros figuram em terceiro lugar na lista das pessoas que mais ingressos adquiriram para a Copa do Mundo na Rússia. À frente, estão os russos, porque o torneio é lá na casa deles e, a seguir, os americanos, porque são ricos. Consta também que os mesmos brasileiros batem o recorde na aquisição de figurinhas para o álbum da dita Copa.
A seleção de futebol do país está torrando dinheiro. Seu treinador é um dos mais bem pagos do mundo. Ao embarcar para a Europa, antecipando-se a todas as seleções, a brasileira foi cercada por um aparato de guerra, garantindo a segurança para os jogadores: uma segurança que jamais foi posta a serviço de quem colabora para o desenvolvimento do país, através do trabalho.
Para quem não sabe, ou não se lembra: um ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol está preso nos Estados Unidos, cumprindo pena de corrupção, por dinheiro mal havido através do futebol. Outro responde a processos pelos mesmos motivos.
Os desmandos praticados na copa de 2014, os rios de dinheiro que foram parar nas mãos de políticos, as obras que ficaram no papel e nas promessas, e as que foram realizadas sem se terem prestado para alguma coisa útil, tudo isso parece esquecido.
E a imprensa insiste em botar goela abaixo do povo a tal de Copa. Desde a capa, páginas e páginas de jornal são gastas nesse assunto. A Globo, principalmente, tenta imbuir as pessoas de um sentimento místico, uma espécie de romantismo, um simulacro de felicidade.
Bem. Ela, a Globo, sabe com que bois lavra. Está investindo no tribalismo das banalidades, única forma de que ambas dispõem, ela e a seleção de futebol, para seduzir os brasileiros que sofrem felizes, porque não conhecem outra ordem de valores.



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