terça-feira, 29 de julho de 2008

COLOQUE O TÍTULO QUE QUISER NA COLUNA

A CASA DA GOVERNADORA NA BOCA DO POVO
João Eichbaum
A casa que a senhora Ieda Crusius, depois de eleita governadora do Rio Grande do Sul, adquiriu, por setecentos e cinqüenta mil reais é um assunto que parece estar divertindo a platéia.
Não se deveria mais falar nisso, se fosse uma coisa simples. Bastariam as palavras dela e do seu excelentíssimo consorte: sim, compramos com o nosso dinheiro e ninguém tem nada ver com isso.
Mas, ao que tudo indica, a questão não é tão fácil assim. Tanto que ela teve que contratar advogado para dar explicações. Um grande advogado, por sinal, meu dileto amigo Paulo Olímpio Gomes de Souza.
Pelo que dizem os jornais, foram vários os documentos apresentados pelo ilustre causídico, para provar, através de uma equação com várias incógnitas, que a governadora e seu marido tinham esse dinheirão todo, para comprar o imóvel. Para isso, segundo as notícias, eles teriam vendido uma casa em Brasília, uma casa na praia, aqui no Rio Grande do Sul, e um automóvel. Mas as notícias não fornecem os valores desses imóveis, nem dão quaisquer características deles, para que o leitor possa avaliar, sacudir a cabeça, babar e dizer consigo mesmo: é verdade, eu é que sou pobre.
Hoje, o que se sabe é que a governadora ganha, quando muito, oito mil reais por mês, para administrar este Estado cheio de machões e de grandes industrialistas, nadando no sucesso financeiro, sem falar nos jogadores e técnicos de futebol, para quem oito mil não passa de merrecas. Sim, isso ela ganha, mas de seu marido ninguém sabe coisa alguma. Não se sabe sequer se ele trabalha, ou se ostenta, pura e simplesmente, a condição de marido de governadora, ficando a cargo dele as lides domésticas do Piratini.
Agora o PSOL resolveu botar mais lenha na fogueira, apresentando uma proposta de compra, assinada unilateralmente pelo suposto comprador, na qual esse oferecia a importância de um milhão de reais pela bela casa que acabou sendo adquirida pela senhora Ieda Crusius por duzentos e cinqüenta mil reais a menos.
Como é que a tal proposta foi aparecer na revista Veja, não se sabe. Se a proposta foi, realmente, oferecida, quem deveria estar de posse dela seria o proprietário da casa, que tem um sobrenome muito significativo: Laranja.
Só que até agora esse senhor Laranja ainda não apareceu no túnel, nem para ser vaiado, nem para ser aplaudido pela torcida. Ficou na moita. E as notícias que se tem dele é que estava apertado de dinheiro, teve que vender a casa, porque responde a dois processos movidos por instituições financeiras.
É ou não é uma novela, ou melhor, um dramalhão, cheio de mistérios, de personagens, de heróis e vilões, desses que passam nos picadeiros de pequenos circos, esse caso do doce lar da governadora?
Bem, lá dentro do circo o drama pode ser instigante e emocionante. Mas do lado de fora da lona, tem muita gente que nem quer saber se existe honestidade na política ou se tudo não passa de vã filosofia: bom mesmo é ver o circo pegar fogo.

Nenhum comentário: