“ISSO TEM QUE TER FIM!”
João Eichbaum
Convidado a dar entrevista sobre os efeitos da chamada “Lei Seca”, para a Zero Hora que adotou, em campanha publicitária, o “slogan” “Isso tem que ter fim”, o ministro Tarso Genro se mostrou satisfeito e - porque não dizer? - vitorioso, já que o, digamos assim, governo Lula escolheu os bêbados como a melhor opção para acabar com as mortes por acidentes de trânsito (para as mortes de quem espera pelo SUS, por enquanto, os bêbados não são culpados) e foi aplaudido pela mesma empresa de comunicação, que fatura muito às custas dos cofres públicos para os quais contribuímos.
Ontem, infelizmente, a realidade mostrou que os bêbados não são os únicos culpados pelos acidentes de trânsito. Treze pessoas morreram, em conseqüência de choque entre uma carreta e um ônibus, na BR 386, causando uma comoção só comparável ao trágico vôo da TAM, há pouco mais de um ano.
Em crônica publicada há poucos dias este escriba denunciava o “inventário” feito com o dinheiro dos bêbados, entre a Brigada, a União e os órgãos municipais, responsáveis pelo trânsito.
Feita a repartição, nem mesmo baldezinhos com piche para tapar buracos se vêm nas estradas e ruas esburacadas. Donde se conclui que o que importa, para o governo, seja ele qual for, é a arrecadação. Afinal quem é que vai pagar mensalão, cartões corporativos, bolsa-família, e sustentar a “ação entre amigos”, como a que se fez no Detran?
Quando a ganância é maior do que a inteligência, é assim que se age: pega-se o dinheiro dos bêbados e o resto que se lixe. Ao invés de aplicar nas estradas a arrecadação que seria especifica - pedágios, multas, IPVA, - o governo recolhe esse dinheiro e dele não presta contas. Notícias sobre tais arrecadações só aparecem através de “CPIs”, que fazem o gosto dos políticos. Mas o dinheiro desaparecido, ou repartido, nunca mais volta.
Fosse duplicado aquele trecho da BR 386, não teria ocorrido o fatal acidente de ontem, vidas e sofrimentos teriam sido poupados. Mas como o dinheiro arrecadado nos pedágios, no IPVA, e agora também nos bolsos dos bêbados desaparece, não há verba orçada para obras e, ao que parece, nem as concessionárias dos pedágios têm qualquer responsabilidade pela segurança das estradas. O que as concessionárias fazem, em primeiro lugar, é arrecadar. Em segundo lugar, tornar as estradas convidativas para a velocidade, sem qualquer segurança.
E as estradas que não estão sob concessão? Ah, dessas o governo nem toma conhecimento. E quando falo em governo falo em todos os políticos de nível municipal, estadual e federal.
Todo o mundo sabe, por exemplo, que Santa Maria tem três ministros no, digamos assim, governo Lula. Mas, o que fazem eles? Como chegam a Santa Maria eles e os deputados do PT que lá vão para “visitar as bases”? Ah, certamente, eles vêm pela “base” aérea. É por isso que não têm conhecimento do estado deplorável daquela coisa que alguns até chamam de rodovia, Santa Maria-Porto Alegre, via Santa Cruz, no trecho que não está entregue às folgadas concessionárias.
Isso, sim, tem que ter fim! Sim, tem que ter fim: a irresponsabilidade, a ganância, a corrupção, o aproveitamento pessoal do dinheiro público. Construam-se estradas com segurança, duplicadas, com pistas amplas, em primeiro lugar, depois saiam a caçar os bêbados, porque aí, sim, em estradas seguras, só eles mesmos serão responsáveis pelos acidentes.
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