QUEM SAI AOS SEUS NÃO DEGENERA
João Eichbaum
Não há outra alternativa. Ou você acredita na historinha da bíblia, segundo a qual Deus fez o homem de barro e lhe deu a vida através de um sopro, tirando-lhe uma costela para fazer a mulher ou, olhando aquela baranga ruiva e bigoduda com cara de travesti, que arrasta uma criança ranhenta, como se fosse uma mala com cordinha, se convence: Darwin está com a razão e não tem essa história de homem feito de barro e mulher feita de costela.
Na primeira hipótese, você há de admitir que o Deus, no qual você acredita, é um irresponsável. Sendo um onisciente, conhecendo o presente, o passado e o futuro, sabendo, portanto, que o homem ia comer (em qualquer sentido que se dê ao verbo) o fruto proibido e se tornar essa coisa que aí está, inventou-o, soprou-lhe a vida, tirou-lhe uma costela para fazer a mulher e o entregou à própria sorte.
Mas, se você for evolucionista, não será levado a cobrar, de quem quer que seja, a criação desse primata egoísta e forrado de hipocrisia. Você vai encará-lo com naturalidade porque, saindo donde saiu, não poderia ter melhorado muito, em apenas dois milhões de anos, segundo a conta feita por Geoffrey Blainey, em “ A very short history of the world”.
É a partir da constatação de Darwin que a gente fica sabendo por que razão os políticos são enganadores e corruptos. Sendo parentes próximos de bonobos e chimpanzés, eles não poderiam ser muito melhores do que são. Vejam o que diz Frans de Vaal, um dos mais respeitáveis primatólogos do mundo, no seu livro “ Our inner ape – A leading primatologist explains why we are who we are”, traduzido como “Eu, primata”, em edição brasileira: “ o chimpanzé, brutal e sedento de poder, contrasta com o pacato e erótico bonobo”. Quem conhece Fidel Castro e Bill Clinton (ou o Calheiros, uma versão brasileira do Clinton) não deixa de dar razão a Frans de Vaal, discípulo de Darwin.
Esse longo caminho entre a animalidade e a racionalidade, que marca a evolução do primata humano, ainda está em curso, desde que se considere a espécie como um todo: muitos primatas humanos ainda estão mais próximos da animalidade do que da racionalidade. Os que estão mais próximos da racionalidade são muito poucos e procuram não se misturar com os primeiros, salvo se for para tirar algum proveito. Donde se conclui que nem os racionais são melhores.
Esse misto de animalidade e racionalidade, com uma preponderando sobre a outra, numa proporção que varia de primata para primata, é que tem escrito a nossa história desde os antropóides até o Chaves, passando pelo Lula, pelo Getúlio Vargas, pelo FHC, pelo Clinton, pela Dilma Roussef, pelo Fidel Castro, pelo Sadam Hussein e outros menos lembrados.
A busca pelo poder é uma exigência da animalidade, cuja força centrífuga está no ego, e o homem usa a racionalidade (nas democracias) para satisfazê-la. Nos Estados tirânicos ou totalitários a animalidade se usa a si mesma como instrumento, representando a força que gera o medo e a conseqüente dominação.
Exemplos de animalidade e racionalidade, no comportamento do homem temos todos os dias diante dos olhos. Assim, a hipocrisia, que é fruto da racionalidade, inventa leis burras como o desarmamento, a intolerância ao fumo e ao álcool, e a tolerância às drogas (bêbado não pode dirigir, drogado, sim), enquanto, na outra ponta, a animalidade metralha criancinhas inocentes, em defesa de cuja vida a “Lei Seca” foi hipocritamente sancionada.
Como se vê, bonobos e chimpanzés continuam muito bem representados na espécie humana.
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Um comentário:
PARABÉNS!
Concordo plenamente com seus comentários.Tem tanto chipamzé neste País,que até o preço da banana aumentou para poder alimentá-los.
Eva F. Carvalho
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