sexta-feira, 23 de abril de 2010

COM A PALAVRA, EUCÁRDIO DEROSSO

SINDROME DA PSICOSE DA REVISÃO

Eucárdio Derrosso*
Por ter estudado muito a gramática, por ter feitorevisão de jornais e livros, atuado em diagramação, quase a vida inteira, adquiri com o tempo o que se pode denominar de síndrome ou psicose da revisão, isto, é,se você lê qualquer coisa, antes de tudo, presta atenção às regras gramaticais, à correçãoortográfica e à sintaxe textual. Depois, vem oconteúdo ou o teoria. É o espírito revisional, que acomete o cidadão acostumado a realizar revisão textual.E a gente mete a colher tentando arrumar o mundo, ou corrigir a gramática nesses casos.
Assim, por exemplo, se você passa num restaurante, na rua, ou lê qualquer cartaz, vê escrito, em livros e folhetos, jornais, e aparece um erro, por mínimo que seja, imperceptível ao público geral, a tendência é anotar o que está incorreto e, se possível, falar com a pessoa para acertar o erro.
Tem acontecido muitas vezes esses fatos, que até me dão seguidamente a pecha de metido, mas vou com jeito e, geralmente, as pessoas tratam o assunto com seriedade e atenção, entendendo o caso, mas existem aquelas que insistem e querem comprovar que seu erro está certo. Como num caso num restaurante em Taquara com relação ao bife à milanesa ou à parmeggiana, que a dona insistia em dizer que era parmagiana . Como se diz, vou até o Papa se acho que uma frase ou palavra está malescrita( ou será estão mal escritas?).
No caso dos elevadores, sempre me doía (ainda me fere osolhos) ver o erro quando avisa - “verifique se o mesmo encontra-se parado nesse andar”. Aí até um colega meu movimentou a Assembléia Legislativa e, agora, saiu uma lei corrigindo o erro de próclise do reflexivo. Para honra eglória da gramática nacional.
E tem o caso também no aeroporto quando a moça chama os passageiros, dizendo que o “avião já encontra-se na pista”, chamei reservadamente a sua atenção. Não ouvi se ela acertou o passo, pois peguei em seguida o voo(agora, sem acento). Outro caso: enviei algumas correções de erros gramaticais de um jornal que estava iniciando e, em agradecimento, o periódico me homenageoucom uma fotografia no dia o meu aniversário.
Bom ou mau esse costume?
Algumas vezes, quando há erros crassos, especialmente em propagandas de rua ou de lojas, até que vale a premissa de acertá-los. Pela correção textual. No entanto, em certos casos, e como existem pessoas que dizem que a gramática evolui, certas personalidades torcem o nariz e preferem continuar na ingnorância( aí está um erro clássico) ou na erritude ( uma palavra difícil e técnica).
Me perdoem, ou será perdoem-me?, se padeço desse mal que é a psicose da revisão. É que até agora não encontrei nem remédio nem médico que tratem dessa compulsão gramatical e revisional. Em conclusão: vou ter que levar essa síndrome pelas vidas afora.

*Jornalista e pós-graduado em Letras

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