AGORA O BBB É NO MINISTÉRIO PÚBLICO
João Eichbaum
O Ministério Público, claro, não podia ficar para trás. Trouxe, para exibir ao respeitável público do Rio Grande do Sul, senhoras e senhores, o seu BBB também.
Seguinte. Mataram em Porto Alegre, um médico que era Secretário Municipal da Saúde. Eis algumas qualidades que o finado trazia no currículo: figura polêmica, metido a valentão, cristão da Assembléia de Deus,
Pois mataram o cara, na frente de uma igreja da Assembléia de Deus, de noite. Poucos dias depois, tratando de quem se tratava, a polícia descobriu os autores da morte do médico: eram ladrões de carro, chinelões, portanto.
Prenderam os chinelões, o inquérito foi encerrado, fim de papo, autos com o Ministério Público.
Pois agora veio o espetáculo. O Ministério Público não aceitou a versão da polícia, de que era coisa de ladrãozinho de automóvel e denunciou mais uns cinco, de colarinho mais ou menos branco: um assessor da secretaria de saúde, donos de uma empresa que prestava serviços de segurança para a mesma secretaria, e por aí vai. Segundo os promotores, os novos réus teriam contratado os chinelões pra fazer o serviço no secretário.
Sem piscar os olhos, uma juíza atendeu ao pedido do Ministério Público e mandou prender esse pessoal todo. Só que tem um detalhe, as prisões foram feitas, estranhamente, pela polícia militar. A polícia civil tomou conhecimento de tudo isso através dos jornais.
Agora, MP e Polícia estão na passarela da vaidade, na maior disputa de beleza de que se tem notícia no Rio Grande do Sul. Para o Ministério Público, a polícia civil é incompetente e desonesta; para a polícia civil, o Ministério Público é leviano e irresponsável, cavando a prisão de inocentes.
E nós, os babacas contribuintes, assistindo ao BBB deles, pra ver quem vai ser o vencedor.
Virou moda. Primeiro foi aquela juíza federal lá de Santa Maria que convocou a imprensa falada, escrita e portadora de câmeras, para receber uma denúncia. Depois uma apresentação dos procuradores da república, enchendo a boca com terminologia jurídica: “não vai ter moleza”. Agora chegou a vez do Ministério Público estadual.
Tudo não passa de um grande circo, em cujos bastidores se esconde a incompetência, enquanto a vaidade se esbalda no picadeiro.
Mas a população continua à mercê dos assaltantes, que explodem bancos, fazem reféns, pintam e bordam, mas não vão para a cadeia, por causa do probleminha dos direitos humanos. Assalto é obra que não dá ibope, microfone, jornal e televisão para o Ministério Público. Assalto é comum, todo o mundo é assaltado todo o dia. Se não for pra distrair o povo com o BBB, o Ministério Público não ta nem aí.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário