sexta-feira, 8 de outubro de 2010

COM A PALAVRA, JANER CRISTALDO

DOUTORES DA IGREJA DEFENDEM O ABORTO

A grande discussão neste segundo turno é a posição de Dilma Roussef em relação ao aborto. Há três anos, a candidata se pronunciava com todas as letras a favor da descriminalização. Agora, ante a ameaça de perder eleitores católicos e evangélicos, assume uma postura de quem foi contra o aborto desde criancinha. Coisas da vida democrática. Quem quiser levar, tem inevitavelmente de mentir.
A Igreja Católica tem se pronunciado abertamente sobre o assunto e há bispos pedindo ao rebanho que não vote na candidata petista. Acontece que só agora Dona Dilma está tomando uma posição contra a Igreja. Quando defendia o aborto, estava apenas seguindo a secular defesa do aborto, feita pelos mais excelsos doutores da Igreja.
Escrevi já três ou quatro vezes que nossos purpurados parecem esquecer que a Igreja, durante séculos, admitiu o aborto. Que dois de seus campeões, são Tomás e santo Agostinho, eram favoráveis ao aborto. Segundo Agostinho (séc. IV), chamado pela Igreja de Doutor da Graça, só haveria aborto pecaminoso quando o feto tivesse alma humana, o que só aconteceria depois de o feto ter uma forma humana reconhecível. Isto é, só a partir de 40 dias após a fecundação, quando é infundida no embrião a "alma racional", se pode falar em pessoa.
Para o Doutor Angélico (séc. XIII), como os católicos chamam o aquinata, a chegada da alma ao corpo também só ocorre no 40º dia de gravidez. A posição de Aquino sobre o assunto foi aceita pela igreja no Concílio de Viena, em 1312. Foi em pleno século XIX, em 1869 mais precisamente, que o Papa Pio IX declarou que o aborto constitui um pecado em qualquer situação e em qualquer momento que se realize. Ou seja, durante dezoito séculos a Igreja nada teve contra o aborto.
O que me espanta neste debate é que não vemos, na grande imprensa, um mísero jornalista que contraponha a este episcopado analfabeto a doutrina clara dos santos da Igreja. Se os católicos se pretendem contra o aborto, deveriam começar destituindo seus sábios e santos da condição de sapiência e santidade.

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