quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

CRÔNICAS IMPUDICAS

HIPOCRISIA (II)

João Eichbaum

Todo mundo sabe que os políticos são hipócritas, enganadores, mentirosos, e muito se fala nisso. Embora, nem adiante falar, porque eles continuam sendo eleitos, dando tapinhas nas costas, vivendo uma boa vida, com tudo pago por quem trabalha, e não tão nem aí pras nossas críticas.
Mas há uma hipocrisia oficial de que poucos se dão conta e sobre a qual muito poucos têm coragem de falar. É a hipocrisia da Igreja Católica, Apostólica, Romana.
Como toda e qualquer religião, a Igreja Católica se aproveita da ignorância e do medo da morte, que domina a maioria absoluta dos seres humanos, para pregar suas idéias e impor suas mentiras, a fim de manter o “status” de seus dirigentes.
E uma das mentiras mais desmentidas é a da “castidade” do clero.
Não é necessário ser sábio, não é necessário ser versado profundamente em biologia para saber da importância que tem o sexo na vida animal. Sem sexo, não há vida. Sem vida, não há sexo.
O sexo tem uma função substancial no sistema fisiológico, é uma exigência biológica tão necessária, quanto a defecação, a expulsão da urina, a fome, a sede, etc. Nem mesmo seres animais com alguma deficiência se livram das exigências do sexo, que são funções precípuas da natureza para a preservação da espécie.
Apesar de todas as evidências, a Igreja Católica, desde priscas eras, teima em tapar o sol com a peneira. Tendo transformado a função sexual em “pecado”, com ameaça de danação ao inferno, se não for exercida dentro do casamento, pretendeu suprimir, pelo medo, essa exigência da natureza. E, não contente com isso, inventou o “voto de castidade”, para homens e mulheres que se querem dedicar à profissão de religiosos.
Sem falar no trauma criado em milhões e milhões de pessoas que, na adolescência, eram obrigadas a reprimir suas funções fisiológicas, a Igreja oficializou sua hipocrisia, ao tentar fazer crer, que o clero, desde o papa ao mais ignoto irmão leigo, é uma casta superior às leis da biologia.
É claro que essa hipocrisia não durou e, desde que foi oficializada, até hoje, vem sendo desmascarada. Não só o atualíssimo livro “I papi ed il sesso”, de Eric Frattini, como muitas outras obras revelam a prática, não só de sexo, mas de orgias inomináveis de papas. À chamada “pedofilia” clerical, que hoje chegou ao conhecimento de todos, não tem como resistir a hipocrisia do “voto de castidade”. Poucos são os dias em que não são tornadas públicas patifarias sexuais de padres, que nem a sacristia respeitam para desafogar o ganso. E a história está cheia de “ilustres” padres que tinham vida sexual ativa, como qualquer homem.
Então, meus amigos, me respondam: essa hipocrisia combina com uma instituição que se diz fundada e protegida por um deus, chamado Jesus Cristo (tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela)?

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