quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

CRÔNICAS IMPUDICAS

AGRADEÇO À POLÍCIA FEDERAL

João Eichbaum

Sou do tempo em que a gente se vestia de terno e gravata para viajar de avião, as refeições a bordo eram lautas, precedidas por um carrinho cheio de bons aperitivos, champanhe, wisky estrangeiro, os cafés da manhã eram de arrasar, assim como os lanches, entre uma refeição e outra.
Portanto, não sou do tempo das barrinhas de cereais, das torradinhas de amendoim, e dos copinhos plásticos com refrigerante e, muito menos, do tempo dos voos cancelados, dos aeroportos abrigando multidões, com gente deitada pelos cantos, enrodilhada em mantas, ouvindo berros de protestos dos mais exaltados em razão dos péssimos serviços prestados pelas companhias aéreas, pela ANAC, pelo Nelson Jobim, pela Infraero, etc.
Por tudo isso, deixei de viajar, há bastante tempo. Se é para sair de casa e passar trabalho, trocando meu colchão macio pelos pisos dos aeroportos, tendo que abdicar dos meus bons uísques ao alcance da mão, ficando de pé, por horas e horas em filas, prefiro não viajar.
Com o passar do tempo, meu passaporte venceu.
E aí, gente, com a vitória do Inter na Libertadores, padeci uma tentação, a que não resisti. Resolvi viajar de novo, conhecer os Emirados Árabes, Abu Dabi, vibrar com o Inter, no mundial de Clubes, ainda que não pudesse beber à vontade, ainda que me privasse de ver belas mulheres com belos corpos, naquele mundo muçulmano, cheio de proibições hipócritas.
E agendei, pela Internet, a renovação do passaporte. Marcados dia e hora, me dei conta de que o boleto que me fora passado, através da impressão pelo computador, não continha data de vencimento, nem valor. Estranhei, tentei reimprimir, mas não deu certo, o programa não aceitava a reimpressão, porque esta estava vinculado ao agendamento. Outra impressão, só com outro agendamento.
Bem, pensei, tudo fica resolvido ao pagar, certamente o banco sabe o valor.
Mas não foi assim. No dia em que deveria comparecer à Polícia Federal, fui ao banco e, para minha surpresa, espanto, decepção e raiva, o sistema não aceitou o pagamento, sob a alegação de que o título já estava vencido. Pois, vencido também pela raiva, desisti de pedir renovação de passaporte. E xinguei o Brasil, e xinguei a Polícia Federal pelo excesso de burocracia, pelo desrespeito ao Estatuto do Idoso, pela deficiência de seus técnicos, que não oferecem serviços eficazes. E não quis mais saber de viajar.
Bom, aí o Inter começou a desandar: o Renan e o Alecsandro começaram a mostrar que o tempo deles já passou, que o Fernando Carvalho só vive do passado e que o Celso Roth deveria ter ficado em Caxias, trabalhando como “instrutor” de academia, área em que ele dever ser muito bom. E quando o time empatou com o último colocado no campeonato brasileiro, em pleno Beira- Rio, é claro que eu comecei a agradecer à Polícia Federal, pelos seus maus serviços.
Precisa dizer mais?

Nenhum comentário: